Os meus poemas

 Os "meus" poetas  Os amigos
 os poemas do meu filho  os seus?
 os meus poemas  
 
INDICE
RESPOSTA A UMA EDITORA O QUE MAIS APRECIO NUMA MULHER  
NÃO SEI NÃO TENHO MEIOS DE SABER FICA PARA A HISTORIA  
ELEGIA A UM HOMEM QUE SE CHAMOU CHAPLIN PASSARAM-SE QUATRO ANOS  
 MORREU O PAPA QUEM ME AJUDA A RESPONDER-ME?  
A NOITE? AH! A NOITE - Parte I POIS É , HERMAN JOSÉ  
EU OLHO NA NOITE E VEJO - Parte II    
É MESMO DE NOITE QUE SE SONHA - Parte III    
QUANDO ANDO NA NOITE - Conclusão    
CERTA NOITE NUMA CASA DE FADO    
A VIDA É FEITA DE COISAS SIMPLES    

RESPOSTA A UMA EDITORA
 
Tentativa de publicar um livro
A resposta demora muito tempo e é sempre negativa.
Emendo.
Quase sempre negativa.
Tive a ideia de dar uma resposta inocente a uma dessas respostas negativas.
Assim:
 
O celebérrimo " mais vale tarde do que nunca", aplica-se muitíssimo bem a esta vossa resposta.
Quinhentos anos depois mas responderam.
Sensivelmente!.
Não resisto porém a enviar-vos o epílogo da minha tentativa estúpida mas diga-se, forçada pela opinião de amigos.
Digo estúpida não para ofender os amigos.
Digo estúpida para ofender a minha própria pessoa.
Sabia que o resultado só podia ser a recusa e mesmo assim tentei.
Não alinho muito na história de escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho.
Por essa ou por outra ordem qualquer mas realmente escrever um livro era interessante.
Até porque já plantei uma árvore e já fiz um filho,por essa exacta ordem.
Grato pela amabilidade que tiveram em me responder.
Aqui vai o tal epílogo de qualidade literária nula.
Vazio de intenções.
Ou talvez não assim tão vazio de intenções.
Mas que me apetece.
Cumprimentos. Sinceros.


Bem sei Relógio D'Água.
Bem sei
Que as regras são os milhões...
E os milhões são mesmo milhões,
Por isso não sinto mágoa.
Bem sei
Que isso assusta
Mas... isso não me custa!
 
Bem sei Relógio D'Água.
Bem sei
Como é fácil neste mundo
ou noutro qualquer mundo,
Meter alguma água,
Bem sei
Que isso é assim
Mas... protestar está longe de mim!
 
Bem sei tudo isso
Mas... não me meto nisso
Nunca me meterei nisso,
Por mim,
fica assim.
Não sinto nenhuma mágoa.
Protestar ou insistir, está longe de mim.
Adeus... Relógio D'Água!

Janeiro de 1998

PS - Já agora agradeço que deitem o meu original no caixote do lixo.
Por faz favor.
Não é por falta de respeito àquilo que escrevo.
Mas ir buscá-lo colide com as minhas disponibilidades de tempo.
Muito obrigado!
Mas acreditem que não é por isso que deixarei de escrever!
 

NÃO SEI NÃO TENHO MEIOS DE SABER
 
Não sei não tenhos meios de saber
O que está para além dos mil
Movimentos.
 
Tudo parece calmamente serpentear
Sobre os reflexos esbatidos,
Perdidos.
Passa por mim a ponte 25 de abril
Que ontem tinha um nome de azar
Triste e sem chama.
 
As águas correm velozmente.
Parece terem pressa,
Pelo menos correm depressa.
Parece que alguém as chama,
Talvez a pedir-lhes um beijo,
Talvez a outra ponte que não vejo,
A outra, a de Vasco da Gama.
 
Não sei não tenhos meios de saber
O que está para além dos mil
Movimentos.
 
Parecem alegrias e parecem tormentos.
Há peixes que saltam,
Talvez numa disputa febril
Por um pouco de água pura.
Sim, peixes, pelo menos parecem ser peixes,
Á volta da ponte da ex-ditadura.
 
Não sei não tenhos meios de saber
O que está para além dos mil
Movimentos.
 
As águas continuam a correr.
Os peixes continuam a lutar.
Não consigo evitar.
Parar.
Espero tranquilamente o resultado.
Esperto?
O céu está agora encoberto.
Eu não consigo fazer nada.
Consigo ver.
Apenas ver.
E esperar.
 
As águas continuam a correr.
Eu apenas sou.
Não consigo fazer nada.
O dia,
Esse acabou!
Agora mesmo.
 
Perdi-o
Não fui capaz de ficar com ele...

ELEGIA A UM HOMEM QUE SE CHAMOU CHAPLIN
26 de Dezembro de 1977 - Ao saber da morte de Charlie Chaplin
 
Charlot
Adormeceu
Numa noite de Natal.
 
Charlot
Não morreu.
Charlot
E imortal.
 
Há um Charlot
Dentro de cada um de nos.
 
Quando olhamos com ternura
Para os nossos avós,
É o olhar de um Charlot
Que dança.
 
Quando fazemos uma caricia
Nos cabelos de uma criança,
É um coração de Charlot
Que se agita.
 
Quando damos uma palavra bonita
Ao nosso companheiro,
É um Charlot inteiro
Que ri.
 
Quando nos empenhamos na luta
Por uma vida melhor,
É um Charlot que esta presente
Sem temor.
 
Quando recusamos injustiças
E guerras entre os homens,
É um Charlot
Que diz não
Sem demora
Gritando aos lobisomens
Vão-se embora!
Vão-se embora!
Vão-se embora!
 
Quando alguém
Chora,
Ou ri,
Ou nasce,
Ou canta,
Ou morre,
É um Charlot
Que esta presente.
 
Por tudo isso Charlot não morreu.
Por tudo isso Charlot é imortal.
Charlot adormeceu
Somente.
 
Há um Charlot
Dentro de cada um de nós.
Há um Charlot
Dentro de cada um de nós.
 

MORREU O PAPA
Morte de Paulo VI 29 de Setembro de 1978, às 9.00 horas,
Eleito João Paulo I que morreu 28 dias depois. Mais tarde eleito João Paulo II.
 
Morreu...
Morreu quem?
Morreu o Papa!
Pois morreu, grande novidade.
Morreu o Papa Paulo!
Claro que morreu, até já há outro...
Morreu o Papa Paulo I!
Era VI, Pá.
Era I que eu sei!
Tu estás mas é com os copos.
Era I, Era João e era Paulo!
Heim?...
Morreu o Papa João Paulo I!
Não me digas...


A NOITE? AH! A NOITE - Parte I
Esta trilogia mais a sua conclusão foi escrita para o programa "Os olhos da lua" de Raul Solando. Foi enviada mas não considerada. 18 de Outubro de 1991
 
A noite?
Ah! a noite.
Não me faças sonhar.
Eu posso não conseguir
Parar
E ir por ai fora
Deslizando de hora em hora
Como quem chora
Sem conseguir
Parar.
 
A noite?
Ah! a noite.
Faz-me sonhar
Meu amor.
Ajuda-me a atravessar
A rua.
Não me deixes parar.
Ajuda-me
A olhar a lua.
Ajuda-me
A vencer os escolhos
E deixa-me beijar
Os teus olhos.
 
A noite?
Ah! a noite...
Eu sei lá o que é a noite.
Sair por ai fora?
Deslizar de hora em hora?
Atravessar a rua?
Olhar a lua?
Vencer os escolhos?
Beijar os teus olhos?
A noite?
Ah! a noite...
Eu sei lá o que é a noite.
 

EU OLHO NA NOITE E VEJO - Parte II
 
Eu olho na noite e vejo
Melhor do que de dia.
Vejo o desejo,
Vejo a alegria,
Vejo a verdadeira idade
Da minha Cidade,
Vejo a Liberdade,
Vejo os meus amigos,
Vejo também
Os que não são meus amigos,
Vejo-os a todos muito para além
Do que eles parecem ser
De dia.
De noite,
São todos diferentes.
São todos transparentes.
 
Eu olho na noite e vejo
Melhor do que de dia,
Quando despejo
O meu olhar sem defesa
Na riqueza
Duma noite de luar.
Quando despejo
O meu olhar sem defesa
Na pobreza
Duma noite sem luar.
 
Eu olho-me na noite
E vejo-me muito para além
Do que pareço ser
De dia.
De noite,
Também eu sou diferente!
Também eu sou transparente!
 
Eu olho na noite e vejo
Melhor do que de dia.
E invejo
Os que podem viver a vida nela.
Jantar a luz de uma vela!
Olhar uma mulher bela!
Viver com requinte
Uma aventura louca
E acordar no dia seguinte
Ainda com o seu sabor na boca...
 
Eu olho a noite
E não paro de a admirar,
Eu olho a noite
Sem coragem de a abandonar,
Eu olho a noite
E penso que estou de passagem,
Mas acabo sempre,
Sempre,
Por voltar.
 

É MESMO DE NOITE QUE SE SONHA - Parte III
 
É mesmo de noite
que se sonha,
Mesmo que não se tenha
Aprendido
A sonhar.
 
Ninguém me venha
Acordar.
Ninguém me venha
Dizer que estou enganado.
Ninguém me venha
Tentar convencer
Que estou perdido.
Digo-o sem vergonha:
É de noite que tenho sonhado
Os meus sonhos mais belos!
 
É mesmo de noite
Que se sonha.
De olhos fechados,
Mas sempre abertos.
De olhos semi cerrados,
Mas sempre despertos.
De olhos acompanhados
por outros olhos.
No meio doutra gente.
De corpo bem presente.
 
É mesmo de noite
Que se sonha!
Que se unem os elos
Da amizade,
Do amor, dos encontros,
Da verdade...
Não! não me envergonho.
É de noite que sonho
Os meus sonhos mais belos!

QUANDO ANDO NA NOITE - Conclusão
 
Quando ando na noite
Sou ainda mais plebeu.
 
Quando ando na noite
Sinto que sou mais eu
E não um outro qualquer.
 
Quando ando na noite
Escuro como breu
Sou capaz de esquecer
A farsa do dia.
 
Quando ando na noite
Vai-se a mesquinharia,
Vai-se a aldrabice,
Vão-se os sensaborões,
São possíveis as discussões.
 
Quando ando na noite
Ah! quando ando na noite!
Sabem? Sinto que entrar na noite
É atravessar a rua
Para um outro lado da vida,
Por vezes um pouco amarelecida,
E vê-la de uma cor mais garrida.
É olhar a lua...
 
Quando ando na noite
Ah! quando ando na noite!
Sabem? vejo melhor do que de dia.
Sou capaz de olhar
Haja ou não haja luar,
É indiferente,
E sentir-me transparente
E sentir o meu amigo também transparente.
Por isso acabo sempre,
Sempre, por voltar.
 
Quando ando na noite
Ah! quando ando na noite!
Sabem? é mesmo de noite
Que se sonha.
Sem querer tentar convencê-los
Afirmo-vos que é de noite
Que tenho sonhado
Os meus sonhos mais belos!
Não, não tenho vergonha
De o dizer.
Esses sonhos são á minha medida.
São a minha vida.
Adeus noite.
Minha querida.
Deixo-te.
Adorei a companhia.
Prometo voltar...
No fim do dia!


CERTA NOITE NUMA CASA DE FADO
Resposta a um certo fadista, daqueles que andam por ai a estragar o fado, numa certa noite, numa certa casa de fado de uma grande amiga minha.
 
Certa noite numa casa de fado,
Um senhor muito aperaltado,
Com todo o desprezo
Que na altura escolheu,
Apresentou um poema meu.
 
Para minha grande surpresa
Da boca desse senhor importante
E muitíssimo elegante
Ali plantado no palco, em pé,
Saíram palavras espantosas
E ao mesmo tempo saborosas:
"Isso que vão ouvir é
um poema...uma prosa...ou lá o que isso é..."
 
Minhas senhoras e meus senhores,
Senti um frio gelado.
Fechei-me durante segundos arrasadores
E consegui ficar calado!
 
São sempre assim
Esta raça de grandes conhecedores.
Escondem os intentos.
Brincam aos talentos.
Traficam os sentimentos.
Nunca tiveram nem nunca irão ter tempo
Para aprender
Que tudo se deve fazer com sentimento
Ou então mais vale não fazer.
 
Se se canta o fado
Não basta estar engravatado
Fechar os olhos, apagar as luzes, acender umas velas
E debitar umas tristes balelas
Que as leva facilmente qualquer vento.
Porque se se canta o fado
Tem de se cantar com sentimento.
 
Se se está com um amigo
Não basta falar e prometer
É preciso estar e perceber.
É preciso dar para receber
É preciso paz e tormento
E preciso rir e chorar
Tudo sem fingimento.
Porque se se está com um amigo
É preciso estar com sentimento.
 
Se se ama alguém
Não basta simplesmente amar.
Não basta simplesmente acariciar.
Não basta terminar
Numa qualquer cama
Em jeito de divertimento.
É preciso dizer que se ama
E sempre de uma forma diferente.
É preciso não rodar como um cata-vento.
É preciso estar sempre presente.
Porque se se ama alguém
É preciso amar com sentimento.
 
Também a poesia para ser poesia
Tem de ser isso tudo,
Sob pena de ser um acto mudo.
 
Que me interessam as rimas
Se eu sei que homem e mulher rimam com amor?
Que lágrimas podem rimar com alegria
E que criança rima sempre com ternura?
 
Que me interessam as rimas
Se eu sei que mundo rima com esperança?
Que amizade não rima com brutalidade
E que inocência nunca poderá rimar com violência?
 
Que me interessam as rimas,
As palavras acorrentadas
Em versos todos certinhos,
Matematicamente ordenados,
Todos do mesmo comprimento
Se deles não brotar sentimento?
 
Ah! é isso que eu defendo
E por isso aqui escrevo contra esses senhores.
Podem chamar-lhe esses falsos conhecedores,
"Poema...prosa...ou lá o que isso é...",
Comentando tudo com um ar muito divertido,
Que eu continuarei a afirmar com alarido,

Só é poesia
O que é sentido.
Só é poesia
O que é vivido.
Só é poesia
O que vem de dentro.
Só é poesia
Se existir sentimento!

A VIDA É FEITA DE COISAS SIMPLES
 
A vida, é feita de coisas simples.
A vida simples, é feita de coisas.
A vida, de coisas simples é feita.
A vida de coisas feita, é simples.
 
As coisas simples, fazem a vida.
As coisas simples, são feitas de vida.
As coisas, fazem a vida simples.
As coisas, de vida simples são feitas.
 
Simples são as coisas de vida feita.
Simples é a vida que é feita de coisas.
Simples são as coisas que fazem a vida.
Simples são as coisas de que a vida é feita.
 
Portanto,
Feita é a vida de coisas simples.
E enquanto a vida for feita de coisas simples,
A vida é simples.
Nós,
É que tanto andamos, tanto andamos...
Que a complicamos!
 

O QUE MAIS APRECIO NUMA MULHER
 
O que mais aprecio numa mulher,
Já to disse uma ocasião,
São as mãos.
Não sei definir como elas devem ser.
Só sei que têm de me despertar a atenção.
Só sei que tenho de sentir uma irresistível vontade
de as olhar mais do que uma vez.
Só sei que têm de ter a grande qualidade
De exercerem sobre mim uma grande, uma enorme atracção.
Para mim
Uma mulher
Tem de ter
Umas mãos assim.

FICA PARA A HISTORIA
 
Fica para a historia.
Mas o que é que fica
Para a historia?
Tanta coisa que fica
Para a historia.
Mas que tanta coisa fica
Para a historia?
 
Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
 
Ora agora
Vejam lá
Temos ca
Tanta exigência!
Que indecência.
Nada mais te conto.
Fica para a historia e pronto!
 
Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
 
Mas o quê?
Tens de precisar.
Tens de ser mais exacto.
Mas porquê?
Tens de te afirmar.
Tens que ter mais tacto.
Mas para quê?
Tens de perguntar
Ao bonito discursar.
 
Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
 
Ora agora
Vejam lá
Temos ca
Tanta exigência!
Que indecência.
Nada mais te conto.
Fica para a historia e pronto!
 
Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
 
Nada mais te conto.
Fica para a historia e pronto!
Nada mais te conto.


PASSARAM-SE QUATRO ANOS
Ao saber da morte de Natália Correia, exactamente quatro anos depois de ter pensado mostrar-lhe alguns versos meus...
 

Passaram-se quatro anos!
Passaram-se rapidamente
Quatro anos!
Nunca nestes anos
Surgiu o momento conveniente
Para te falar
Destes meus versos Ciganos,
Porque vadios.
Para te falar
Dos tais desenganos.
Para te falar de alguns desafios...

E agora?
Quem ira continuar
A denunciar
A sacanagem?
Ano percebo como tiveste coragem
De organizar assim a sadia
Da vida
Sem nos teres dado
A oportunidade da despedida.
E os amigos?
E os que ficam por aqui perdidos
Nesta briga?

E agora?
Quem ira continuar
A denunciar
Os perigos?
Vamos reler os teus livros.
Tu estas lá.
Tu estas lá a recordar
E a recordar-lhes
Que estamos vivos.
Que continuaremos vivos.

E agora?
Continuaremos sem ti,
Como tu nos ensinaste,
A apontar um a um, uma a uma!
Chamem-se quem se chamarem!
Tenham a cabeça cheia
De muita coisa ou de coisa nenhuma!

Adeus NATALIA CORREIA!
Obrigado NATALIA CORREIA!


QUEM ME AJUDA A RESPONDER-ME

Duas tentativas de resposta para a loucura dos homens
Depois de ler um fabuloso artigo de Maria Rosa Colaço no jornal "A Capital", intitulado "Quem me ajuda a responder-me?"
Enviei-lho e a Maria Rosa Colaço respondeu-me.
Falámos pelo telefone.
Estava a atravessar um momento difícil da sua vida.
"São estas coisas que me dão vontade de viver", disse-me.
Ela não pode ter visto o quanto aquelas palavras me comoveram.
Um beijinho para si Maria Rosa Colaço.

 

Abro o jornal,
"A Capital"
De sexta-feira
E não posso senão comover-me
Com o apelo angustiado
Da Maria Rosa Colaço.
"Quem me ajuda a responder-me?".

Também o faço.
Por todo o lado.
Também pergunto porquê.
E não há quem justifique
Porque há Sudão, Somália, Moçambique...
E não se pode parar?
Pelo menos...parar?
é verdade,
"...Dói olhar"!

Amigo?
Conhecemos a palavra.

Compartilhar?
Conhecemos a palavra.

Amor?
Conhecemos a palavra.
Conhecemos as palavras.
Apenas as palavras.
Não lhes damos maior importância.

"A grande mesa da abundância"?
"Para todos"?
Aquelas palavras estão gastas.
Estamos a dar mais valor
As palavras nefastas!
ódio em vez de Amor.
inimigo em vez de Amigo.
roubar em vez de Compartilhar.
Claro que ha quem não gosta!
Vamos lembrar que ha Amor.
Vamos reaprender o Amor.
Vamos reinventar o Amor.
Primeira resposta!

Claro que há abutres.
E não vão permitir.
E vão sorrir.
E vão rir.
E vão destruir.

é preciso descobrir
Onde estão!
Parecem gente.
Fazem e dizem coisas que parecem boas.
Parecem pessoas.
Quase ninguém pressente
A besta.
Fazem a festa.
Alimentam a festa.
Destroiem a festa.

é preciso descobrir
Onde estão!
Agora!
é preciso deitar fora
O que não presta.
Com força, determinação, alento.
Como quem quer ganhar uma aposta.
Enquanto nos resta
Algum tempo.
Segunda resposta!

Só depois será possível pensar
Em Compartilhar.
Em Viver.
Olhar,
Nunca mais irá doer...


POIS É , HERMAN JOSÉ

Ofereci este poema pessoalmente ao Herman durante uma gravação do seu programa "Parabéns".
Queria ter-lho lido.
Manifestei-lhe essa intenção.
As palevras ditas têm um significado diferente das palavras escritas.
Resposta: "VOU TER TEMPO PARA LER, MAS NÃO PARA O OUVIR".
Como diz o outro: Toma e vai-te curar.
Tenho a certeza que nunca leu isto.
Também... não perdeu nada...

 

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