Os
meus poemas
-
-
- INDICE
-
- RESPOSTA A UMA EDITORA
-
- Tentativa
de publicar um livro
- A resposta
demora muito tempo e é sempre negativa.
- Emendo.
- Quase
sempre negativa.
- Tive
a ideia de dar uma resposta inocente a uma dessas respostas negativas.
- Assim:
-
- O celebérrimo
" mais vale tarde do que nunca", aplica-se muitíssimo
bem a esta vossa resposta.
- Quinhentos
anos depois mas responderam.
- Sensivelmente!.
- Não
resisto porém a enviar-vos o epílogo da minha tentativa
estúpida mas diga-se, forçada pela opinião
de amigos.
- Digo
estúpida não para ofender os amigos.
- Digo
estúpida para ofender a minha própria pessoa.
- Sabia
que o resultado só podia ser a recusa e mesmo assim tentei.
- Não
alinho muito na história de escrever um livro, plantar
uma árvore e ter um filho.
- Por
essa ou por outra ordem qualquer mas realmente escrever um livro
era interessante.
- Até
porque já plantei uma árvore e já fiz um
filho,por essa exacta ordem.
- Grato
pela amabilidade que tiveram em me responder.
- Aqui
vai o tal epílogo de qualidade literária nula.
- Vazio
de intenções.
- Ou talvez
não assim tão vazio de intenções.
- Mas
que me apetece.
- Cumprimentos.
Sinceros.
Bem sei Relógio D'Água.
Bem sei
Que as regras são os milhões...
E os milhões são mesmo milhões,
Por isso não sinto mágoa.
- Bem
sei
Que isso assusta
Mas... isso não me custa!
-
- Bem
sei Relógio D'Água.
Bem sei
Como é fácil neste mundo
ou noutro qualquer mundo,
Meter alguma água,
- Bem
sei
Que isso é assim
Mas... protestar está longe de mim!
-
- Bem
sei tudo isso
Mas... não me meto nisso
Nunca me meterei nisso,
Por mim,
- fica
assim.
Não sinto nenhuma mágoa.
Protestar ou insistir, está longe de mim.
- Adeus...
Relógio D'Água!
Janeiro de 1998
PS - Já agora agradeço que deitem o meu original
no caixote do lixo.
- Por
faz favor.
- Não
é por falta de respeito àquilo que escrevo.
- Mas
ir buscá-lo colide com as minhas disponibilidades de tempo.
- Muito
obrigado!
- Mas
acreditem que não é por isso que deixarei de escrever!
-
- NÃO SEI NÃO TENHO MEIOS DE
SABER
-
- Não sei
não tenhos meios de saber
O que está para além dos mil
Movimentos.
-
- Tudo parece calmamente
serpentear
Sobre os reflexos esbatidos,
Perdidos.
Passa por mim a ponte 25 de abril
Que ontem tinha um nome de azar
Triste e sem chama.
-
- As águas
correm velozmente.
Parece terem pressa,
Pelo menos correm depressa.
Parece que alguém as chama,
Talvez a pedir-lhes um beijo,
Talvez a outra ponte que não vejo,
A outra, a de Vasco da Gama.
-
- Não sei
não tenhos meios de saber
O que está para além dos mil
Movimentos.
-
- Parecem alegrias
e parecem tormentos.
Há peixes que saltam,
Talvez numa disputa febril
Por um pouco de água pura.
Sim, peixes, pelo menos parecem ser peixes,
Á volta da ponte da ex-ditadura.
-
- Não sei
não tenhos meios de saber
O que está para além dos mil
Movimentos.
-
- As águas
continuam a correr.
Os peixes continuam a lutar.
Não consigo evitar.
Parar.
Espero tranquilamente o resultado.
Esperto?
O céu está agora encoberto.
Eu não consigo fazer nada.
Consigo ver.
Apenas ver.
E esperar.
-
- As águas
continuam a correr.
Eu apenas sou.
Não consigo fazer nada.
O dia,
Esse acabou!
Agora mesmo.
-
- Perdi-o
Não fui capaz de ficar com ele...
- ELEGIA A UM HOMEM QUE SE CHAMOU CHAPLIN
- 26
de Dezembro de 1977 - Ao saber da morte de Charlie Chaplin
-
- Charlot
Adormeceu
Numa noite de Natal.
-
- Charlot
Não morreu.
Charlot
E imortal.
-
- Há um Charlot
Dentro de cada um de nos.
-
- Quando olhamos
com ternura
Para os nossos avós,
É o olhar de um Charlot
Que dança.
-
- Quando fazemos
uma caricia
Nos cabelos de uma criança,
É um coração de Charlot
Que se agita.
-
- Quando damos uma
palavra bonita
Ao nosso companheiro,
É um Charlot inteiro
Que ri.
-
- Quando nos empenhamos
na luta
Por uma vida melhor,
É um Charlot que esta presente
Sem temor.
-
- Quando recusamos
injustiças
E guerras entre os homens,
É um Charlot
Que diz não
Sem demora
Gritando aos lobisomens
Vão-se embora!
Vão-se embora!
Vão-se embora!
-
- Quando alguém
Chora,
Ou ri,
Ou nasce,
Ou canta,
Ou morre,
É um Charlot
Que esta presente.
-
- Por tudo isso
Charlot não morreu.
Por tudo isso Charlot é imortal.
Charlot adormeceu
Somente.
-
- Há um Charlot
Dentro de cada um de nós.
Há um Charlot
Dentro de cada um de nós.
-
- MORREU
O PAPA
Morte
de Paulo VI 29 de Setembro de 1978, às 9.00 horas,
Eleito João Paulo I que morreu 28 dias depois. Mais tarde
eleito João Paulo II.
-
- Morreu...
Morreu quem?
Morreu o Papa!
Pois morreu, grande novidade.
- Morreu o Papa
Paulo!
Claro que morreu, até já há outro...
- Morreu o Papa
Paulo I!
Era VI, Pá.
Era I que eu sei!
Tu estás mas é com os copos.
Era I, Era João e era Paulo!
Heim?...
- Morreu o Papa
João Paulo I!
Não me digas...
A
NOITE? AH! A NOITE - Parte I
- Esta
trilogia mais a sua conclusão foi escrita para o programa
"Os olhos da lua" de Raul Solando. Foi enviada mas
não considerada. 18 de Outubro de 1991
-
- A noite?
Ah! a noite.
- Não me
faças sonhar.
Eu posso não conseguir
Parar
E ir por ai fora
Deslizando de hora em hora
Como quem chora
Sem conseguir
Parar.
-
- A noite?
Ah! a noite.
- Faz-me sonhar
Meu amor.
Ajuda-me a atravessar
A rua.
Não me deixes parar.
Ajuda-me
A olhar a lua.
Ajuda-me
A vencer os escolhos
E deixa-me beijar
Os teus olhos.
-
- A noite?
Ah! a noite...
Eu sei lá o que é a noite.
- Sair por ai fora?
Deslizar de hora em hora?
Atravessar a rua?
Olhar a lua?
Vencer os escolhos?
Beijar os teus olhos?
- A noite?
Ah! a noite...
Eu sei lá o que é a noite.
-
- EU
OLHO NA NOITE E VEJO - Parte II
-
- Eu olho na noite
e vejo
Melhor do que de dia.
- Vejo o desejo,
Vejo a alegria,
Vejo a verdadeira idade
Da minha Cidade,
Vejo a Liberdade,
Vejo os meus amigos,
Vejo também
Os que não são meus amigos,
- Vejo-os a todos
muito para além
Do que eles parecem ser
De dia.
- De noite,
São todos diferentes.
São todos transparentes.
-
- Eu olho na noite
e vejo
Melhor do que de dia,
- Quando despejo
O meu olhar sem defesa
Na riqueza
Duma noite de luar.
- Quando despejo
O meu olhar sem defesa
Na pobreza
Duma noite sem luar.
-
- Eu olho-me na
noite
E vejo-me muito para além
Do que pareço ser
De dia.
De noite,
Também eu sou diferente!
Também eu sou transparente!
-
- Eu olho na noite
e vejo
Melhor do que de dia.
E invejo
Os que podem viver a vida nela.
Jantar a luz de uma vela!
Olhar uma mulher bela!
Viver com requinte
Uma aventura louca
E acordar no dia seguinte
Ainda com o seu sabor na boca...
-
- Eu olho a noite
E não paro de a admirar,
- Eu olho a noite
Sem coragem de a abandonar,
- Eu olho a noite
E penso que estou de passagem,
Mas acabo sempre,
Sempre,
Por voltar.
-
- É
MESMO DE NOITE QUE SE SONHA - Parte III
-
- É mesmo
de noite
que se sonha,
- Mesmo que não
se tenha
Aprendido
A sonhar.
-
- Ninguém
me venha
Acordar.
- Ninguém
me venha
Dizer que estou enganado.
- Ninguém
me venha
Tentar convencer
Que estou perdido.
- Digo-o sem vergonha:
É de noite que tenho sonhado
Os meus sonhos mais belos!
-
- É mesmo
de noite
Que se sonha.
De olhos fechados,
Mas sempre abertos.
De olhos semi cerrados,
Mas sempre despertos.
De olhos acompanhados
por outros olhos.
No meio doutra gente.
De corpo bem presente.
-
- É mesmo
de noite
Que se sonha!
Que se unem os elos
Da amizade,
Do amor, dos encontros,
Da verdade...
- Não! não
me envergonho.
É de noite que sonho
Os meus sonhos mais belos!
- QUANDO ANDO NA NOITE - Conclusão
-
- Quando ando na
noite
Sou ainda mais plebeu.
-
- Quando ando na
noite
Sinto que sou mais eu
E não um outro qualquer.
-
- Quando ando na
noite
Escuro como breu
Sou capaz de esquecer
A farsa do dia.
-
- Quando ando na
noite
Vai-se a mesquinharia,
Vai-se a aldrabice,
Vão-se os sensaborões,
São possíveis as discussões.
-
- Quando ando na
noite
Ah! quando ando na noite!
Sabem? Sinto que entrar na noite
É atravessar a rua
Para um outro lado da vida,
Por vezes um pouco amarelecida,
E vê-la de uma cor mais garrida.
É olhar a lua...
-
- Quando ando na
noite
Ah! quando ando na noite!
Sabem? vejo melhor do que de dia.
Sou capaz de olhar
Haja ou não haja luar,
É indiferente,
E sentir-me transparente
E sentir o meu amigo também transparente.
Por isso acabo sempre,
Sempre, por voltar.
-
- Quando ando na
noite
Ah! quando ando na noite!
Sabem? é mesmo de noite
Que se sonha.
Sem querer tentar convencê-los
Afirmo-vos que é de noite
Que tenho sonhado
Os meus sonhos mais belos!
Não, não tenho vergonha
De o dizer.
Esses sonhos são á minha medida.
São a minha vida.
- Adeus noite.
Minha querida.
Deixo-te.
Adorei a companhia.
Prometo voltar...
No fim do dia!
- CERTA
NOITE NUMA CASA DE FADO
Resposta
a um certo fadista, daqueles que andam por ai a estragar o fado,
numa certa noite, numa certa casa de fado de uma grande amiga
minha.
-
- Certa noite numa
casa de fado,
Um senhor muito aperaltado,
Com todo o desprezo
Que na altura escolheu,
Apresentou um poema meu.
-
- Para minha grande
surpresa
Da boca desse senhor importante
E muitíssimo elegante
Ali plantado no palco, em pé,
Saíram palavras espantosas
E ao mesmo tempo saborosas:
- "Isso que
vão ouvir é
um poema...uma prosa...ou lá o que isso é..."
-
- Minhas senhoras
e meus senhores,
Senti um frio gelado.
Fechei-me durante segundos arrasadores
E consegui ficar calado!
-
- São sempre
assim
Esta raça de grandes conhecedores.
Escondem os intentos.
Brincam aos talentos.
Traficam os sentimentos.
- Nunca tiveram
nem nunca irão ter tempo
Para aprender
Que tudo se deve fazer com sentimento
Ou então mais vale não fazer.
-
- Se se canta o
fado
Não basta estar engravatado
Fechar os olhos, apagar as luzes, acender umas velas
E debitar umas tristes balelas
Que as leva facilmente qualquer vento.
- Porque se se canta
o fado
Tem de se cantar com sentimento.
-
- Se se está
com um amigo
Não basta falar e prometer
É preciso estar e perceber.
É preciso dar para receber
É preciso paz e tormento
E preciso rir e chorar
Tudo sem fingimento.
- Porque se se está
com um amigo
É preciso estar com sentimento.
-
- Se se ama alguém
Não basta simplesmente amar.
Não basta simplesmente acariciar.
Não basta terminar
Numa qualquer cama
Em jeito de divertimento.
- É preciso
dizer que se ama
E sempre de uma forma diferente.
É preciso não rodar como um cata-vento.
É preciso estar sempre presente.
- Porque se se ama
alguém
É preciso amar com sentimento.
-
- Também
a poesia para ser poesia
Tem de ser isso tudo,
Sob pena de ser um acto mudo.
-
- Que me interessam
as rimas
Se eu sei que homem e mulher rimam com amor?
Que lágrimas podem rimar com alegria
E que criança rima sempre com ternura?
-
- Que me interessam
as rimas
Se eu sei que mundo rima com esperança?
Que amizade não rima com brutalidade
E que inocência nunca poderá rimar com violência?
-
- Que me interessam
as rimas,
As palavras acorrentadas
Em versos todos certinhos,
Matematicamente ordenados,
Todos do mesmo comprimento
Se deles não brotar sentimento?
-
- Ah! é isso
que eu defendo
E por isso aqui escrevo contra esses senhores.
Podem chamar-lhe esses falsos conhecedores,
"Poema...prosa...ou lá o que isso é...",
Comentando tudo com um ar muito divertido,
Que eu continuarei a afirmar com alarido,
Só é poesia
O que é sentido.
- Só é
poesia
O que é vivido.
- Só é
poesia
O que vem de dentro.
- Só é
poesia
Se existir sentimento!
- A
VIDA É FEITA DE COISAS SIMPLES
-
- A vida, é
feita de coisas simples.
A vida simples, é feita de coisas.
A vida, de coisas simples é feita.
A vida de coisas feita, é simples.
-
- As coisas simples,
fazem a vida.
As coisas simples, são feitas de vida.
As coisas, fazem a vida simples.
As coisas, de vida simples são feitas.
-
- Simples são
as coisas de vida feita.
Simples é a vida que é feita de coisas.
Simples são as coisas que fazem a vida.
Simples são as coisas de que a vida é feita.
-
- Portanto,
Feita é a vida de coisas simples.
E enquanto a vida for feita de coisas simples,
A vida é simples.
- Nós,
É que tanto andamos, tanto andamos...
Que a complicamos!
-
- O QUE MAIS APRECIO NUMA MULHER
-
- O que mais aprecio
numa mulher,
Já to disse uma ocasião,
São as mãos.
- Não sei
definir como elas devem ser.
Só sei que têm de me despertar a atenção.
Só sei que tenho de sentir uma irresistível vontade
de as olhar mais do que uma vez.
- Só sei
que têm de ter a grande qualidade
De exercerem sobre mim uma grande, uma enorme atracção.
- Para mim
Uma mulher
Tem de ter
Umas mãos assim.
- FICA PARA A HISTORIA
-
- Fica para a historia.
Mas o que é que fica
Para a historia?
Tanta coisa que fica
Para a historia.
Mas que tanta coisa fica
Para a historia?
-
- Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
-
- Ora agora
Vejam lá
Temos ca
Tanta exigência!
Que indecência.
- Nada mais te conto.
Fica para a historia e pronto!
-
- Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
-
- Mas o quê?
Tens de precisar.
Tens de ser mais exacto.
Mas porquê?
Tens de te afirmar.
Tens que ter mais tacto.
Mas para quê?
Tens de perguntar
Ao bonito discursar.
-
- Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
-
- Ora agora
Vejam lá
Temos ca
Tanta exigência!
Que indecência.
Nada mais te conto.
Fica para a historia e pronto!
-
- Mas o quê?
Mas porquê?
Mas para quê?
-
- Nada mais te conto.
Fica para a historia e pronto!
Nada mais te conto.
PASSARAM-SE QUATRO ANOS
- Ao saber da morte de
Natália Correia, exactamente quatro anos depois de ter
pensado mostrar-lhe alguns versos meus...
-
Passaram-se quatro anos!
Passaram-se rapidamente
Quatro anos!
Nunca nestes anos
Surgiu o momento conveniente
Para te falar
Destes meus versos Ciganos,
Porque vadios.
Para te falar
Dos tais desenganos.
Para te falar de alguns desafios...
E agora?
Quem ira continuar
A denunciar
A sacanagem?
Ano percebo como tiveste coragem
De organizar assim a sadia
Da vida
Sem nos teres dado
A oportunidade da despedida.
E os amigos?
E os que ficam por aqui perdidos
Nesta briga?
E agora?
Quem ira continuar
A denunciar
Os perigos?
Vamos reler os teus livros.
Tu estas lá.
Tu estas lá a recordar
E a recordar-lhes
Que estamos vivos.
Que continuaremos vivos.
E agora?
Continuaremos sem ti,
Como tu nos ensinaste,
A apontar um a um, uma a uma!
Chamem-se quem se chamarem!
Tenham a cabeça cheia
De muita coisa ou de coisa nenhuma!
Adeus NATALIA CORREIA!
Obrigado NATALIA CORREIA!
QUEM ME AJUDA A RESPONDER-ME
- Duas tentativas
de resposta para a loucura dos homens
- Depois de ler
um fabuloso artigo de Maria Rosa Colaço no jornal
"A Capital", intitulado "Quem me ajuda
a responder-me?"
- Enviei-lho e
a Maria Rosa Colaço respondeu-me.
- Falámos
pelo telefone.
- Estava a atravessar
um momento difícil da sua vida.
- "São
estas coisas que me dão vontade de viver", disse-me.
- Ela não
pode ter visto o quanto aquelas palavras me comoveram.
- Um beijinho
para si Maria Rosa Colaço.
Abro o jornal,
"A Capital"
De sexta-feira
E não posso senão comover-me
Com o apelo angustiado
Da Maria Rosa Colaço.
"Quem me ajuda a responder-me?".
Também o faço.
Por todo o lado.
Também pergunto porquê.
E não há quem justifique
Porque há Sudão, Somália, Moçambique...
E não se pode parar?
Pelo menos...parar?
é verdade,
"...Dói olhar"!
Amigo?
Conhecemos a palavra.
Compartilhar?
Conhecemos a palavra.
Amor?
Conhecemos a palavra.
Conhecemos as palavras.
Apenas as palavras.
Não lhes damos maior importância.
"A grande mesa da
abundância"?
"Para todos"?
Aquelas palavras estão gastas.
Estamos a dar mais valor
As palavras nefastas!
ódio em vez de Amor.
inimigo em vez de Amigo.
roubar em vez de Compartilhar.
Claro que ha quem não gosta!
Vamos lembrar que ha Amor.
Vamos reaprender o Amor.
Vamos reinventar o Amor.
Primeira resposta!
Claro que há abutres.
E não vão permitir.
E vão sorrir.
E vão rir.
E vão destruir.
é preciso descobrir
Onde estão!
Parecem gente.
Fazem e dizem coisas que parecem boas.
Parecem pessoas.
Quase ninguém pressente
A besta.
Fazem a festa.
Alimentam a festa.
Destroiem a festa.
é preciso descobrir
Onde estão!
Agora!
é preciso deitar fora
O que não presta.
Com força, determinação, alento.
Como quem quer ganhar uma aposta.
Enquanto nos resta
Algum tempo.
Segunda resposta!
Só depois será
possível pensar
Em Compartilhar.
Em Viver.
Olhar,
Nunca mais irá doer...
POIS
É , HERMAN JOSÉ
- Ofereci este
poema pessoalmente ao Herman durante uma gravação
do seu programa "Parabéns".
- Queria ter-lho
lido.
- Manifestei-lhe
essa intenção.
- As palevras
ditas têm um significado diferente das palavras escritas.
- Resposta:
"VOU
TER TEMPO PARA LER, MAS NÃO PARA O OUVIR".
- Como diz o outro:
Toma e vai-te curar.
- Tenho a certeza
que nunca leu isto.
- Também...
não perdeu nada...
Pois é
Herman José.
Hoje é dia de
PARABÉNS.
De ti e dos convidados que tens,
"Havia tanta coisa para dizer...
Mas, não temos tempo..."
Não temos tempo?
Pois hoje vamos ter!
Pois é
Herman José.
Vamos lá falar
das atitudes,
Dos defeitos, das virtudes
Vamos apontar um a um.
Vamos ao fundo.
Sem cair no lugar comum
De que "és o melhor do mundo".
Não!
Não é isso que vais ouvir
Não é isso que te quero fazer sentir.
Pois é
Herman José.
Despertas ódios,
paixões,
Provocas conversas, discussões.
Contigo não existe indiferença.
Cada um à sua maneira
Tem de ti uma opinião.
É como uma recompensa.
Pois é
Herman José.
Vais construindo uma
carreira,
Aqui e ali salpicada
De uma ou outra asneira,
(Não é teu exclusivo),
Mas sempre com o nobre objectivo
Da boa disposição,
Da gargalhada.
Vais construindo uma carreira
Á tua imagem.
Verdadeira.
Porque moldada
Por todos aqueles que são
Do Algarve ao Minho
O teu "publicuzinho".
Pois é
Herman José.
Tu és a moda actual.
Quem é o mais bem vestido de Portugal?
É o Herman José!
Quem é o mais
mal vestido de Portugal?
É o Herman José!
Para Presidente?
Que pergunta indecente,
É o Herman José!
Herói da Banda
Desenhada?
Lá ouviremos o concorrente,
É o Herman José!
Pois é
Herman José.
Tudo contigo se mete.
E tu retribuis metendo-te também,
Desde o "jet um"
Até ao "jet set".
Pois é
Herman José.
Mas tem os seus perigos
Todo esse teu trabalhar.
Todo esse teu querer.
E o tempo de amigos?
E o tempo de desfrutar?
E o tempo de mulher?
E o tempo,
Herman José,
O tempo de viver?
Será o tal preço a pagar?
Pois é
Herman José.
E tanto que fica por fazer.
Parar para pensar?
"O espectáculo tem de continuar.."
Pois é
Herman José.
És verdadeiramente um caso.
Mas nada acontece por acaso.
Aí não falho.
Até a piada mais inocente,
Tem por trás muito trabalho.
E tantas vezes quem a escuta
Trata-a levianamente.
Empresta-lhe uma gargalhada diminuta,
Empresta-lhe um breve sorriso,
E ainda atribui ao improviso...
Pois é
"publicuzinho"
Do Herman José.
Sem querer ser mauzinho.
Gostem dele.
Não gostem dele.
Mas nunca digam que é fácil
Ou que é improvisado
Tudo aquilo que ele nos trás.
Isso realmente não se faz.
Não pode o coitado
Ser disso condenado!
Pois é
Herman José.
Com todo o carinho,
Pois é
"MANO JOSÉ".
Fim do caminho.
"Não vou mais longe
Fico já aqui" neste arrazoado.
Mas deixo-te um recado.
(O meu egoísmo de "publicuzinho"...)
Continua a dar-nos o que tens
E sempre merecerás
"PARABÉNS! PARABÉNS! PARABÉNS!"
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