Samkhya Samkhya significa literalmente 'número'. Aqui, significa a tentativa de pensar a existência através de categorias numeráveis - tattvas. É um dos seis sistemas de filosofia indiana (Darshana), considerado o mais antigo. Suas obras principais são o SamkhyaKarika escrito por Ishvarakrishna e Samkhyadarshana escrito por Kapila, ambas vistas como obras-primas da literatura sânscrita. Ensinam que o universo é composto de dois princípios: Purusha (indiferenciado, não-matéria) e Prakrti (dinâmica, matéria). É a união destes dois princípios que produz o mundo fenomênico. Não existem nem divindade suprema nem alma suprema neste sistema, o que o faz ser classificado como ateista. É um método de pensamento aplicado à renúncia à ação chegando à separação definitiva entre Purusha e Prakrti, produzindo assim a cessação da percepção do mundo fenomênico. Isto só é conseguido pela prática indicada no sistema subsidiário que é o Yoga de Patanjali. (Muitos filósofos contemporâneos se referem a ambos os sistemas como sendo um só: Samkhya-Yoga).O Yoga de Patanjali, ou Yoga Clássico, assume toda
a conceituação Samkhya acerca da existência.
Patanjali usa conceitos diversos para Purusha e Prakrti, mas
o sentido e a estrutura do pensamento são as mesmas.
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As pesquisas indológicas modernas são responsáveis pela descoberta de vasta literatura yogui que traz significado às práticas correntes. Através dela vemos que o termo YOGA é usado de várias maneiras, com muitos significados. No seu período de formação a palavra foi associada a sacrifícios físicos, penanças e ritualismo. No período posterior aos Vedas tomou a forma de meditação e mais tarde com o advento de ideais metafísicos, adquiriu um amplo leque de significados, culminando com a emergência de um sistema metódico, atribuido a Patanjali, que cosnsiste de etapas definidas e seus acessórios. Temos também a palavra YOGA sendo usada às vezes como MEIO e às vezes como FIM ou objetivo a ser alcançado por esses meios. Quando usada no sentido de MEIO, método, é frequentemente conjugada com uma palavra que expressa o aspecto mais importante do método em questão, por exemplo: Hatha Yoga (enfatiza a concentração através da cultura física), Mantra Yoga (enfatiza a concentração através de sons), Raja Yoga (enfatiza a concentração através de meditação e samadhi) etc. O que é importante lembrar é que a palavra YOGA pode ser usada indefinidamente, e mesmo quando usada como FIM, tanto pode significar "união" (interpretação derivada da raiz YUJIR YOGE) nas escolas de influência vedanta, quanto "concentração" (interpretação acadêmica derivada da raiz YUJ SAMADHAU) nas escolas que seguem o Samkhya-Yoga. Verifica-se, portanto, um vasto leque de definições de Yoga - e são em número de mais de cem. Às vezes associa-se com outros sistemas filosóficos ou religiosos, e temos diante de nós um gigantesco Yoga-complexo que passa à compreensão da média dos homens. As divergências ideológicas e quanto à terminologia empregada nas técnicas, advém destas associações do Yoga com outros sistemas que não o Samkhya (já assumido por Patanjali), mas as técnicas yoguis têm permanecido essencialmente as mesmas advogadas pelo yoga tradicional. Um grande divisor de águas para a compreensão do Yoga contemporâneo é a questão da existência ou não de Deus. Escolas como Bhaktiyoga, Shaivayoga, Tantrayoga, Shaktayoga, Namyoga etc endossam a existência de Deus com seus múltiplos conceitos inclusive imagens personificadas. Sistemas puramente metafísicos como Patanjali Yoga, Jnana Yoga etc aceitam a existência de Ishvara com consideráveis reservas, meramente como meio alternativo para concentração. A existência ou não de Deus não faz diferença para o yogui que tem uma atitude de total entrega à prática. Deus é um enígma mais para aqueles que procuram sua ajuda do que para os seguem um caminho independente. Ainda assim, Patanjali aceita que para quem tem fé e a usa como instrumento de concentração, o progresso em yoga é mais rápido e fácil. Patanjali não sente seu sistema ameçado por esta questão. A fé é um instumento, uma técnica e não um fim em si mesma. E por fim os sistemas anti-teistas como Samkhya, Budismo e Jainismo que aceitam o Yoga como "sine qua non" prático para seus ensinamentos e positivamente negam a existência de Deus.
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