Habitats Artificiais para Peixes |
"Design" de Recifes Artificiais e FADs
Um dos grandes desafios dos desenhistas ou "designers" de habitats artificiais é criarem estruturas que possibilitem elevar a produção pesqueira local ao máximo. Paratanto, é necessário conhecer muito bem o desenho ou "design" da estrutura e sua localização ótima.
De início, devemos separar as duas principais formas de habitats artificiais que existem: os recifes artificiais ou habitats artificiais bentônicos e os FADs, fish-aggregating devices (dispositivos de agregação de peixes), que são utilizados na coluna d'água ou próximos e ou na superfície.
Recifes Artificiais:
É de conhecimento público que parte do sucesso dos recifes artificiais é devido ao aumento da complexidade do habitat. Assim, a quantidade crescente de elementos estruturais em um recife artificial proporciona em incremento do número de indivíduos e de espécies que utilizam a estrutura. Gorham e Alevizon (1989) aumentaram a complexidade de recifes artificiais com o uso de cordas e verificaram o aumento significativo na abundância de fases jovens de peixes em recifes experimentais.
O material com que são construídos também influencia a resposta da comunidade a se desenvolver no recife. Assim, o recrutamento de corais em superfícies mais rugosas (como concreto) já foi constatado como superior ao recrutamento em superfícies mais lisas (como borracha). Superfícies mais rugosas possibilitam maior variedade de microhabitats a serem explorados principalmente por invertebrados e vertebrados de pequeno porte.
A forma, a altura e o perfil dos recifes também têm grande importância sobre seus resultados. Estes aspectos variam muito de acordo com a finalidade do recife. Por exemplo, a altura do recife deve estar fortemente relacionada com o tipo de peixes que se pretende influenciar. Recifes baixos devem portanto, estar relacionados com a promoção do crescimento das populações de peixes bentônicos. Para se atingir espécies pelágicas, os recifes devem ter alturas mais elevadas. Assim, maiores dimensões verticais ou horizontais, têm diferentes objetivos.
Outro fator de importância é o tamanho da abertura das estruturas utilizadas. Em geral, os estudos não encontram influência do tamanho da abertura, ou se encontram, afirmam que maiores aberturas provêm menos refúgios para espécies menores e consequentemente, menor diversidade de espécies nos recifes.
Pequenos recifes podem nunca abrigarem espécies de maior porte, porque mantêm pequenas quantidades de "comida" para as grandes espécies. Porém os recifes de mesma forma e menores, devem ser mais densamente povoados, porque podem atrair peixes de uma área proporcionalmente maior, dada sua relação perímetro/volume. O recife pode ter um tamanho ótimo, dependente de sua proposta. Por exemplo, um determinado tipo de peixe (de menor tamanho corporal) para ser conservado, talvez necessite de recifes menores, que tornem difícil a fixação de peixes predadores (de maior tamanho corporal).
Por último, o arranjo do recife pode influenciar as populações que mais se beneficiariam. Padrões em que os recifes são mais distantes um dos outros, devem favorecer as espécies de ecótono. Padrões agregados de recifes, devem contudo, favorecer as espécies que se alimentam nos recifes.
FADs:
FADs são estruturas localizadas na superfície d'água (flutuantes) ou localizadas na coluna d'água (suspensas) que têm o poder de atrair peixes. São utilizados sozinhos, ou em conjunto com os recifes artificiais. Os FADs se aproveitam da tendência instintiva que têm os peixes de nadarem até estruturas flutuantes.
Os peixes podem utilizar os FADs para orientação, ponto de referência para marcação de território. As comunidades que se formam nos FADs são provavelmente mais efêmeras do que as que se formam nos recifes, devido à menor capacidade destes em prover alimento para seus habitantes.
Mas, porque então que os peixes se associam aos FADs ? Normalmente os peixes que se associam aos FADs são os "peixes presas" que buscam proteção dos predadores. Até mesmo a sombra que é produzida pelo FAD pode confundir o predador e pelo menos, diminuir sua eficiência.
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