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Tudo começou em 1983, no dia 25 de setembro, data que, desde esse momento, passou a ser um dia de festa multitudinária. A princípio ninguém soube de nada. Gladys Herminia Quiroga de Motta se encontrava em seu quarto, rezando o rosário. A Virgem lhe apareceu, fazendo o gesto de entregar-lhe o seu terço. A aparição foi muito rápida, como uma espécie de anúncio. Gladys (vidente desde aquele dia), nasceu no dia 1º de julho de 1937. É uma mulher do povo, simples como tantas outras. Certamente teria preferido não ser centro de atenção. Gladys vive nos arredores de San Nicolás, uma cidade de mais de 140.000 habitantes, 232 Km ao norte de Buenos Aires, num bairro operário. Sua casa se encontra em uma das ruazinhas transversais que desembocam em um terreno baldio conhecido pelo nome de “O Campinho” às margens do rio Paraná. Gladys tem duas filhas e já faz tempo que é avó. Seu marido é um operário metalúrgico que obteve a aposentadoria antecipada em 1989. Antes de 25 de setembro de 1983, Gladys nunca havia tido apariçòes, nem experimentado fenômenos extraordinários, religiosos ou de qualquer outra índole. Nada. Um único antecedente poderia ser mencionado: um dia antes da primeira aparição, a 24 de setembro de 1983, viu que se iluminava o terço que havia pendurado no seu quarto. Alguns vizinhos
também o viram; aí começou a rezar o terço,
primeiro com eles e depois sozinha. E assim estava quando se
produziu a primeira aparição.
Gladys era uma cristã como muitas outras, uma mulher normal, sólida, realista e otimista. O primeiro encontro a tomou de surpresa, sem perturbála. Não se assustou, já que reconheceu logo a Virgem com o Menino, de traços clássicos e familiares, transfigurados nesse dia por uma luz viva. Gladys é uma mulher simples. Disse que não tinha o costume de escrever. Esteve na escola primária até o 4º ano somente. Desde então nunca mais redigiu nada, fazendo uso da escrita apenas para ajudar as suas filhas no colégio ou para suas anotações particulares; nunca havia escrito uma carta.
Entretanto, pouco depois da primeira aparição, sentiu necessidade de deixar um testemunho escrito sobre o acontecimento que, de repente, mudou a sua vida: um encontro sobrenatural e, ao mesmo tempo, tão natural e vivificante com essa maravilhosa Mãe. Um sacerdote se referiu a esse dia como “o começo do triunfo de Maria”.
No dia 28 de setembro, seu coração começou a vibrar e a encher-se de gozo. E diz que novamente a Virgem lhe apareceu, vestida de azul, com o Menino nos braços, dando-lhe o terço. Gladys se perguntava: qual será o motivo destas aparições? Na próxima vez, pensou, vou perguntar a Ela. No dia 7 de
outubro, festa do Rosário, Gladys sentiu o anúncio interior
que já havia aprendido a reconhecer. Como de costume, fechou
os olhos instintivamente: viu uma luz e, depois, nessa luz, a mesma aparição,
real e cheia de vida, sustentando em suas mãos um rosário
grande.
“Eu a vi a lhe perguntei o que esperava de nós. Neste instante a imagem se nublou e apareceu a visão de um Templo, pelo que compreendi que Maria Santíssima queria estar entre nós”. A Virgem nào respondeu com palavras, mas com a imagem profética da capela que desejava: sua morada no meio das nossas, como Deus tinha, antigamente, sua tenda entre os Hebreus. Até este momento Ela nunca havia falado. Gladys continuou pensando nessa primeira imagem simbólica.
Na segunda-feira, 13 de outubro (dia em que se recorda a última aparição da Virgem de Fátima) produziu-se a sexta aparição. A Virgem falou pela primeira vez: “Foste cumpridora. Não tenhas medo, vem me ver. Caminharás pela minha mão e percorrerás muitos caminhos”. A Virgem acrescenta, pela primeira vez, uma referência bíblica: Ezequiel 2, 4-10. Gladys deverá buscar uma Bíblia e aprender a situar o texto indicado. Este é severo. O Senhor se queixa de maneira forte, do seu povo rebelde: “São homens obstinados e de coração endurecido”. Convida-nos a fazer um exame de consciência. Merecemos nós as mesmas repreensões? A Virgem levou Gladys às Escrituras: a palabra de Deus que ilumina qualquer outra palavra. Desde o dia 27 de novembro de 1983 Gladys tem visões diárias e recebe mensagens a menudo. Em 1992 foram publicadas mais de 1800 mensagens. com Imprimatur e Nihil obstat de Mons. Castagna A Virgem pede a Gladys que fale com o Bispo.
Na noite de 24 de novembro Gladys se dirigiu com um grupo de pessoas ao lugar que Maria escolhera para construir o seu templo e, ao mesmo tempo que lhes mostrava o lugar onde a via, um intenso raio de luz caiu sobre o mesmo, parecendo sumir no chão. Uma menina de 9 anos também viu esse raio de luz. No dia seguinte, 25, a Virgem disse a Gladys: “O Espírito Santo te guía; deves obedecer; este lugar foi escolhido para minha morada; tudo fica em vossas mãos”. A Virgem pide um novo santuário, que permaneça como um signo mais da sua presença. No dia 4 de janeiro de 1984, pouco mais de três meses depois da primeira aparição, um raio de luz ilumina, pela segunda vez, o ponto exato que chegará a ser, com o tempo, o umbral do santuário marcado, hoje, por uma pedra. No dia 22 de maio a Virgem dá mais pormenores: “Vossa Mãe vos pede uma morada. Não quero esplendores, quero uma casa espaçosa”. No primeiro aniversario das aparições (25 de setembro de 1984), a Virgem recomenda que se inicie a construção que tanto deseja. É um “leitmotiv” que se repete sem cessa.
O Padre Pérez, reitor da catedral e confessor de Gladys, quis verificar se a imagem de Nossa Senhora do Rosario, que por longo tempo havia estado na Catedral e se encontrava, agora, estragada no campanário, coincidia com a descrição de Gladys. Mandou chamar a vidente e a levou ao campanário. Gladys reconheceu imediatamente a imagem da aparição . . . ainda que sem a mão e sem o terço. Nesse mesmo instante a Virgem lhe apareceu diante da imagem e lhe disse: “Fui abandonada, mas ressuscitei; coloque-me aí para que me vejas tal qual sou”. Quero estar às margens do Paraná. Fica firme. Aí viste minha luz. Que tuas forças não desfaleçam. Glória ao Deus Altíssimo”. Ela deixará, então, a Catedral, seu lugar de origem, para estar ao alcance de um público mais amplo, para o bem da Diocese e de toda a Argentina. O Padre Pérez mandou reparar a imagem e colocou em suas mãos e nas de seu Filho um rosário novo. Começou, então, um constante desfile na Catedral, ante a imagem da Padroeira. Milhares de órfãos se encontraram com sua Mãe a a visitaram com grande alegria.
Em 25 de março de 1986, o Bispo de San Nicolás participou, pela primeira vez, da cerimônia mensal à qual comparecem tantos peregrinos fervorosos. As procissões a San Nicolás se sucedem, de mês em mês, em lembrança do dia da primeira aparição, ou seja, no dia 25 de cada mês. Nove dias antes, se inicia uma novena, cuja intenção é indicada pelas mensagens. Para terminar a novena, se faz uma procissão, acompanhada de missa, que reúne 100.000 pessoas ou mais, especialmente a 25 de setembro.
Monseñor Castagna informou sobre as aparições da Virgem à Conferência Episcopal em duas oportunidades. A Conferência mostrou quanto a isso uma verdadeira abertura; muitos bispos haviam comprovado em suas próprias dioceses os excelentes frutos das mesmas.
A Virgem nos convida a difundir, amplamente, a mensagem. “Não descanseis em vosso caminho; deveis pregar noite e dia.” “Pela graça de Deus, minhas palavras percorrem o mundo. Pela graça de Deus, podeis receber minhas bençãos”.
A mensagem profética de Maria segue as pegadas das aparições de Fátima, que se deram de 13 de maio a 13 de outubro de 1917. Em San Nicolás, Maria inicia sua mensagem a 13 de outubro, aniversário da última aparição de Fátima. Esse sincronismo resalta o alcance histórico e profético das aparições; a Virgem continua prosseguindo, hoje em dia, o mesmo objetivo que, já naquela época, expressara em Portugal: “Meu Coração triunfará.” A 13 de maio
de 1989, aniversario da primeira aparição de Fátima,
a Virgem diz explicitamente:
“Minha filha,
como outrora em Fátima, estas são novamente minhas visitas
à terra, ainda que mais freqüentes e prolongadas, já
que a humanidade vive momentos dramáticos.
As aparições
são numerosas hoje em dia. Esta multiplicidade mesma nos leva
a pensar que a maioria das aparições e dos fenòmenos
sobrenaturais têm alcance local, somente; a descentralização
das aparições evita longas viagens aos cristãos, já
que a Virgem bate a sua porta. Que será de San Nicolás?
Terá o Santuário vocação diocesana, nacional,
latinoamericana ou mundial?
· Já começam a vir peregrinos de países limítrofes, e também de outros países mais longínquos.. · As próprias mensagems parecem dirigir-se não somente à Argentina, mas também ao mundo inteiro. As aparições são um estímulo para a fé, e, sobretudo, para a ESPERANZA. Os dons de Deus desconcertam as previsões e a sabedoria dos homens. Deus decidirá, valendo-se do critério dos fiéis e do julgamento do bispo.
René Laurentin, sacerdote francés, nascido em 1917, insigne teólogo, periodista e um dos mais importantes mariologistas do nosso tempo, escriveu numerosas obras de mariologia das quais foram publicadas mais de cem. Além
dos estudos de mariologia, se distingue, também, por suas
obras sobre eclesiologia. Entre elas merece especial menção
a obra monumental sobre Lourdes, em que dedicou sete volumes à historia
das aparições; três ao estudo das palavras de
Bernadette e, finalmente, dois em que que descreve a vida da vidente.
René Laurentin visitou varias vezes San Nicolas e escriveu um livro sobre as aparições: “Um Chamado de Maria na Argentina; São Nicolás: Aparições Assumidas Pastoralmente pela Igreja. Uma Renovação que Ultrapassa os Límites da Argentina”. Na dedicatoria desse livro disse: “Este livro é uma oferenda à Virgem. Que Ela mesma inspire os leitores. As aparições são propostas de amor. Cada qual deverá interrogar-se com total liberdade se o chamado da Virgem lhe está dirigido e em que medida pode ser transformado em fonte de vida para si ou para outros”. “Depois de muito hesitar, e com profunda humildade, me atrevo a apresentar um primeiro estudo dessa iniciativa celestial. As mensagens, a torrente de graças, as orações, conversões, curas e outros sinais que brotam de San Nicolás me sobrepassam. Mil vezes recomeço o trabalho nesse esquema. Futuramente, os teólogos encontrarão muito por descobrir noste presente do céu”. “Desejo que este primeiro ensaio possa transmitir o essencial, no seu nível divino de claridade e coerência, sem cair em complicações, já que se trata de um fenômeno eminentemente popular, destinado ao povo de Deus”.
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