Brasil
Copa do Mundo de 1950

Classificação
1. Uruguai
2. BRASIL
3. Suécia
4. Espanha
5. Iugoslávia
6. Suíça
7. Itália
8. Inglaterra
9. Chile
10. EUA
11. Paraguai
12. Bolívia
13. México

Uruguai entristece o Maracanã

Cerca de 200 mil torcedores testemunham em silêncio o fracasso do Brasil na decisão

A campanha do campeão
Primeira Fase
02/07 Uruguai 8 x 0 Bolívia
Turno Final
09/07 Uruguai 2 x 2 Espanha
13/07 Uruguai 3 x 2 Suécia
Jogo Final
18/07 Uruguai 2 x 1 Brasil
Artilheiro
Ademir (Brasil) - 9 gols
Com os países europeus ainda sofrendo os efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Brasil foi canditado único para ser a sede da Copa de 1950.
Das 34 seleções inscritas para as eliminatórias, seis desistiram antes do primeiro jogo e algumas desistiram semanas antes do campeonato.
Com isso, a Copa teve apenas 13 participantes. Um dos grupos da primeira fase ficou reduzido a dois times: o Uruguai venceu a Bolívia por 8 a 0 e já foi para o turno final.
A Itália bicampeã em 34 e 38, veio ao Brasil tentando o terceiro título, que daria ao país a posse definitiva da Copa. Em 1946, o troféu tinha recebido o nome de Taça Jules Rimet, em homenagem ao francês presidente da Fifa.
Enfraquecida pela ausência dos jogadores do Torino, mortos em 49, a Itália acabou eliminada pelos suecos.
A fórmula de disputa da Copa indicou um quadrangular final no qual Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha iriam se enfrentar nos sistema "todos contra todos".
O Brasil foi arrasador, marcando 7 a 1 na Suécia e 6 a 1 na Espanha. O Uruguai venceu os suecos, mas tropeçou na Espanha, 2 a 2.
A seleção da Copa
GOLEIRO: Maspoli (Uruguai)
ZAGUEIROS: Stankovic (Iugoslávia)
Nilsson (Suécia)
MÉIOS-CAMPOS: Andrade(Uruguai)
Bauer (Brasil)
Varela (Uruguai)
ATACANTES: Gainza (Espanha)
Jair (Brasil)
Ademir (Brasil)
Ghiggia (Uruguai)
Zizinho (Brasil)
Os números da Copa
Jogos: 22
Gols: 88
Média de Gols: 4,0
Participantes: 13
Média de Público: 60.772
Com isso, o Brasil entrou em campo contra os uruguaios precisando apenas de um empate. No recém-construído Maracanã, cerca de 200 mil pessoas esperavam pelo título.
A vitória de virada do Uruguai por 2 a 1 selou a primeira grande injustiça da história das Copas. Em silêncio quase absoluto, o público deixou o estádio sem acreditar que o melhor time não era o vencedor.

A Final

URUGUAI - 2
Maspoli; Matias González e Tejera; Gambetta, Obdulio Varela e Rodríguez Andrade; Ghiggia, Pérez, Míguez, Schiuaffino e Morán.Técnico: Juan López.

BRASIL - 1
Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair da Rosa Pinto e Chico. Técnico: Flávio Costa.

Local: Maracanã (Rio de Janeiro)
Juiz: George Reader (Inglaterra)
Gols: Friaça a 1min, Schiaffino aos 20min e Ghiggia aos 34min do segundo tempo.

BRASIL (vice)
Titulares
Posição
J
G
Barbosa
Goleiro
6
-
Augusto
Zagueiro
6
-
Juvenal
Zagueiro
6
-
Bauer
Meio-Campo
5
-
Danilo
Meio-Campo
5
-
Bigode
Meio-Campo
5
-
Friaça
Atacante
4
1
Zizinho
Atacante
4
2
Ademir
Atacante
6
9
Jair
Atacante
5
2
Chico
Atacante
4
4
Reservas
Castilho
Goleiro
-
-
Mauro
Zagueiro
-
-
Nena
Zagueiro
-
-
Alfredo
Meio-Campo
1
1
Ely
Meio-Campo
1
-
Noronha
Meio-Campo
1
-
Rui
Meio-Campo
1
-
Adãozinho
Atacante
-
-
Baltazar
Atacante
2
2
Maneca
Atacante
4
1
Rodrigues
Atacante
-
-
Técnico: Flávio Costa

Brasil: Ninguém acreditava na derrota

O jornalista britânico Brian Glanville foi preciso ao notar a ironia: a única Copa que não programou uma final teve a final mais emocionante de todas.
Números do Brasil
Jogos: 6
Gols Pró: 22
Gols Contra: 6
Foi a única vez em que um país chegou à final do Mundial com a vantagem do empate, por força do regulamento. Mas nenhum brasileiro pensava nessa vantagem.
O prefeito do Rio (então Distrito Federal), Mendes de Morais, saudou os "campeões do mundo"antes da partida.
Nem o primeiro tempo, que se revelou difícil e sem gols, esfriou o ânimo da torcida.
O gol de Friaça, a 1min da segunda etapa, chutando da entrada da área à direita de Maspoli, parecia liquidar os uruguaios.
Foi assim que surgiu o gol de empate. O ponta uruguaio se livrou de seu marcador, centrou e Schiaffino completou para o gol, fora do alcance de Barbosa. Faltavam 25 minutos para o final.
A Campanha do Brasil
Eliminatórias
País-Sede
Primeira Fase
24/06 Brasil 4 x 0 México
28/06 Brasil 2 x 2 Suíça
01/07 Brasil 2 x 0 Iugoslávia
Turno Final
09/07 Brasil 7 x 1 Suécia
13/07 Brasil 6 x 1 Espanha
Jogo Final
16/07 Brasil 1 x 2 Uruguai
Uma jogada semelhante decidiu a Copa. Ghiggia venceu Bigode na corrida mais uma vez. Barbosa se adiantou para antecipar um novo cruzamento para Schiaffino. Juvenal veio na corrida para interceptar o tiro. Mas, em vez de cruzar, Ghiggia chutou.
A bola passou entre a trave e o goleiro, silenciando o estádio. Faltavam apenas 11 minutos.
Atônito, o time brasileiro só ameaçou o gol uruguaio em um chute de Chico aos 42 minutos que o goleiro Maspoli mandou a escanteio.
O público, embora chocado, aplaudiu a vitória uruguaia. No meio do gramado a confusão era total, com brasileiros chorando e uruguaios festejando.
Os jogadores da seleção brasileira, destinados a se tornarem heróis, foram crucificados. O Brasil ainda teria que esperar oito anos para se sagrar, finalmente, campeão mundial.

"Monumento do futebol"

"Não consigo recordar os meus primeiros minutos no gramado do Maracanã. Eu admirava aquela arquitetura magnífica e não pensava na partida contra os chilenos.
Apenas despertei de meu torpor quando Zarra fez nosso primeiro tento, com quase 20 minutos de jogo. Quando percebi que ganharíamos o jogo senti uma alegria imensa. A meus olhos, aquele estádio gigantesco era a oitava maravilha do mundo.
Até a derrota de seis gols para os brasileiros não trouxe tristeza ao time. Queríamos ganhar, mas sabíamos que enfrentávamos os homens divinos que tinham erguido aquele monumento do futebol.
Arraquei um tufo de grama e levei comigo."

Gabriel Alonso, zagueiro espanhou que jogou treês vezes no Maracanã.

Curiosidades

Bagunça organizada
Um mês antes do início da Copa, o presidente da Federação Italiana, Otorino Barassi, chegou ao Rio para integrar o Comitê Organizador do Mundial. As obras do Maracanã estavam atrasadas. Barassi colocou ordem na casa e salvou a competição do fracasso.

Azzurra
A Itália jogou em São Paulo e a numerosa comunidade italiana da cidade se transformou na segunda maior torcida da Copa. Brasil x Suíça, no Pacaembu, teve 42 mil espectadores. No mesmo estádio, os italianos levaram 42 mil pessoas para o jogo contra a Suécia.

Zebra
Em Belo Horizonte, a maior surpresa: a Inglaterra perdeu para os EUA por 1 a 0, gol do haitiano naturalizado Larry Gaetjens.

A Frase

"Foi o imponderável que liquidou todas as nossas pretensões."

Fláio Costa, técnico do Brasil.



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