Desacreditada em seu país, contrubada pela troca de treinadores, a seleção brasileira acabou formando no México um grupo unido de grandes jogadores que trouxe o tricampeonato.
O ambiente no México era totalmente favorável aos times latino-americanos. Além do ânimo festivo da torcida local, havia uma vontade de dar o troco aos europeus, que dominaram a Copa de 66.
A primeira fase não teve surpresas. Todos os times que já tinham o título mundial passaram as quartas-de-final: Itália, Uruguai, Inglaterra, Alemanha Ocidental e Brasil.
Num jogo emocionante, os alemães venceram os ingleses por 3 a 2, com o gol decisivo saindo só na prorrogação. O Brasil venceu o Peru por 4 a 2, o Uruguai bateu a URSS por 1 a 0 e a Itália fez 4 a 1 no time da casa.
Nas semifinais, o Brasil foi "adotado" pela torcida mexicana e passou pelos uruguaios, 3 a 1. No outro jogo, a Itália venceu a Alemanha por 4 a 3.
Na final, o Brasil derrubou a Itália por 4 a 1 e o campo do estádio Azteca foi invadido pela torcida. Os mexicanos arrancaram dos ídolos brasileiros as camisas, chuteiras, meias e até os calções.
Pelé ganhou uma placa no estádio, que enaltece o futebol brasileiro como "um exemplo para a juventude do mundo".
Números da Copa
Jogos: 32
Gols: 95
Média de Gols: 3,0
Participantes: 16
Média de Público: 52.312
Números da Final
Brasil
Itália
Escanteios Conquist.
4
7
Chutes à Gol
28
24
Faltas Cometidas
12
24
Passes Errados
50
56
Desarmes
21
17
Posse de Bola
60%
40%
Tempo de Jogo
91' 24''
Bola Rolando
52' 25''
A Final
BRASIL - 4
Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson, Pelé e Rivelino; Jairzinho e Tostão. Técnico: Zagalo.
ITÁLIA - 1
Albertosi; Burgnich, Facchetti, Rosato e Cera; Bertini (Juliano), Domenghini e De Sisti; Mazzola, Boninsegna (Rivera) e Riva. Técnico: Valcareggi.
Local: Estádio Azteca (Cidade do México) Juiz: Rudolf Glockner (Alemanha Or.) Gols: Pelé aos 18min e Boninsegna aos 37min do primeiro tempo; Gérson aos 20min, Jairzinho aos 25min e Carlos Alberto aos 41min do segundo tempo. Destaque do Jogo: Gérson (Brasil)
Brasil: Saldanha monta o time de Zagalo
Brasil (campeão)
Titulares
Posição
J
G
Félix
Goleiro
6
-
Carlos ALberto
Lateral
6
1
Brito
Zagueiro
6
-
Piazza
Zagueiro
6
-
Everaldo
Lateral
5
-
Clodoaldo
Meio-Campo
6
1
Gérson
Meio-Campo
4
1
Pelé
Meio-Campo
6
4
Jairzinho
Atacante
6
7
Tostão
Atacante
6
2
Rivelino
Atacante
5
3
Reservas
Ado
Goleiro
-
-
Leão
Goleiro
-
-
Marco Antônio
Lateral
2
-
Baldochi
Zagueiro
-
-
Fontana
Zagueiro
1
-
Joel
Zagueiro
-
-
Zé Maria
Lateral
-
-
Dario
Atacante
-
-
Edu
Atacante
2
-
Paulo César
Atacante
1
-
Roberto
Atacante
2
-
Técnico: Zagalo
Zagalo ganhou o tri com o time de João Saldanha. Otécnico das eliminatórias, com suas "feras", classificou facilmente o Brasil para a Copa, mas não resistiu no cargo até a viagem ao México.
Maus resultados em amistosos, atritos com o poder político e o temperamento irascível de Saldanha acabaram por derrubá-lo.
O Médico Lídio Toledo dizia que Pelé tinha miopia. Tostão, com problemas na retina causados por uma bolada, tinha a carreira ameaçada.
Após ter sido criticado por Yustrich, técnico do Flamengo, Saldanha invadiu armado a concentração do clube.
Dias depois, a seleção empatou com o Bangu em 1 a 1. Pelé foi barrado para o amistoso contra o Chile, no Morumbi.
Em 17 de março, João Havelange, presidente da CBD, anunciou a dissolução da comissão técnica. "Não sou sorvete para ser dissolvido", rebateu Saldanha. Era seu fim como técnico.
No dia seguinte, Dino Sani (Corinthians) e Oto Glória (América) foram sondados para dirigir a seleção, mas o escolhido foi Zagalo (Botafogo).
Sua primeira atitude foi convocar cinco jogadores, entre eles Dario, imposição do presidente Médici. Zagalo alegou que o convocara como artilheiro da Taça de Prata de 1969.
Dario não entrou em campo na Copa. O Brasil ganhou com um time parecido com o que Saldanha havia montado.
"A alegria é indescritível"
Os números do Brasil
Jogos: 6
Gols Pró: 19
Gols Contra: 7
"Zagalo achava que precisava na frente de um jogador para concluir como o Roberto Dias ou o Dario.
Eu estava há seis meses sem jogar, pela operação no olho. Não é verdade que eu não podia cabecear a bola. Seria um absurdo eu jogar a Copa sem condições de cabecear.
Mas ele só se convenceu de que eu era titular depois da minha jogada no gol contra a Inglaterra.
Estava 0 a 0. Quando vi Roberto se aquecendo, a bola chegou pra mim. Como eu ia sair, aquilo me deu mais coragem e força para tentar uma jogada individual.
A alegria de ganhar a taça é indescritível. Lembro que, na final depois do terceiro gol, joguei o resto do tempo chorando."
Tostão, sobre os problemas em 70
Curiosidades
Ataque 50
Toda a linha de frente titular do Brasil jogava com a camisa 10 em seus clubes: Jairzinho (Botafogo), Gérson (São Paulo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Rivelino (Corinthians). Quando chegou a hora da inscrição do time para a Copa, ninguém questionou a primazia de Pelé.
Herói alemão
Na semifinal Itália 4 x 3 Alemanha Ocidental, o famoso duelo de 1 a 1 nos 90 minutos e cinco gols na prorrogação, Frans Beckenbauer terminou a partida jogando como braço direito atado ao peito. O time já havia efetuado as duas substituições quando o alemão se machucou.
A Frase
"Ele tentou o gol mais bonito que eu já vi. Digo que eu não vi."
De Pedro Carbajal, locutor mxicano, depois de Pelé tentar o gol do meio campo contra a Tchecoslováquia e errar o chute por centímetros.