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Os marcadores bioquímicos no diagnóstico e monitoramento da osteoporose
Uniclínica - Boletim Médico Mensal
Outubro de 1998
 Os marcadores bioquímicos são úteis para se ter uma idéia de como está o status de formação e reabsorção óssea.

          Os marcadores bioquímicos são elementos liberados no corpo a partir das transformações ósseas. A contagem e comparação desses elementos resultantes das atividades de formação e reabsorção têm sido de grande utilidade para monitorar as pequenas mudanças no metabolismo ósseo.

Como é o metabolismo ósseo?

O processo de remodelação óssea ocorre através da reabsorção e da formação óssea, dois processos intermediados respectivamente pelos osteoclastos e osteoblastos. Durante a reabsorção, a estrutura óssea é dissolvida e digerida pelos ácidos e enzimas produzidos pelos osteoclastos. Os produtos resultantes da deterioração de proteína da matriz são liberados em ambiente extracelular e excretados pela urina. A taxa de reabsorção óssea pode ser medida através dos elementos resultantes deste processo. A formação óssea, atividade processada pelos osteoblastos, é realizada pela síntese de colágeno e outras proteínas, depositados na matriz e depois mineralizados.

Alguns compostos participantes deste metabolismo podem ser medidos em amostras de tecidos, como cabelo, unha, urina, sangue. Correlacionando a intensidade destas substâncias com a intensidade de mineralização óssea, podemos utilizá-las como marcadores da atividade osteoblástica e consequentemente, do nível de formação óssea. (nota de Luiz Meira)

Quais são os marcadores de reabsorção óssea?

N-Telopeptídeo de ligação inter-fibras colágenas (NTx): É um excelente marcador para a reabsorção óssea, com a vantagem adicional de ser avaliado por meio de um método de teste imunológico rápido.

Desoxipiridinolina (DPYD) e Piridinolina (PYD): Como constituintes do colágeno, elas agem como ligações transversais intermoleculares, unindo cadeias de colágeno que formam uma matriz. Os níveis de DPYD e PYD encontrados na urina podem ser mensurados e não apresentam sensibilidade à dieta, constituindo-se bons indicadores de maior ou menor reabsorção óssea.

Hidroxiprolina: É um marcador que já foi substituído pela DPYD, pois também é encontrado em outros tecidos, como a pele. Portanto, além de não ser um marcador específico da reabsorção óssea, também pode sofrer alterações em função da dieta.

Quais são os marcadores de formação óssea?

Fosfatase alcalina específica óssea (BSAP): É uma enzima envolvida na mineralização da matriz óssea. Ela se encontra na superfície dos osteoblastos e é liberada no processo de formação óssea.

A BSAP é uma das várias izoenzimas de fosfatase alcalina presentes na circulação e seu nível se encontra elevado também na Doença de Paget. Bem mais estável que a osteocalcina, esta enzima pode ser detectada especificamente com o uso de dois anticorpos monoclonais. Este  teste permite uma quantificação rápida e precisa de BSAP na circulação.

Osteocalcina (OC): A OC é uma proteína não colagenosa da matriz óssea, sintetizada pelos osteoblastos. É um marcador específico para a atividade osteoblástica, que pode ser medido no soro. Níveis elevados de OC apresentam correlação com doenças do metabolismo ósseo, como a Doença de Paget e o hiperparatireoidismo primário.

Procolágeno Tipo I C-terminal peptídeo (PICP): Esta a forma mais abundante de colágeno presente nos ossos, também presente em outros tecidos, o que o torna um marcador menos preciso para a formação óssea.

Importância clínica

Os marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo constituem importantes ferramentas na avaliação da atividade de remodelação óssea, pois acusam as mudanças mais rápidamente do que as medições de densidade óssea através dos métodos tradicionais. Como ainda são objeto de pesquisas, apesar de já estarem em uso na prática médica, devem ser utilizados como medidas complementares à densitometria óssea.

Os marcadores bioquímicos são mais úteis em casos de alta atividade de renovação óssea, portanto bastante valiosos na avaliação da eficácia do tratamento. Em 2 a 6 meses do início do tratamento, a medição dos marcadores bioquímicos pode determinar a sua eficácia. Além disso, pode-se também monitorar a dose adequada, com a resposta observada nas medições.

Resumo

No manejo da osteoporose, os marcadores bioquímicos são muito importantes para se avaliar o metabolismo ósseo durante a monitoração. Eles são úteis para determinar com precisão os níveis de reabsorção óssea antes e durante o tratamento. E são também importantes, para a avaliação da eficácia do tratamento.
 

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