Yvonne do Amaral Pereira
Yvonne do Amaral Pereira nasceu em 24 de Dezembro de 1900, na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro, filha de Manoel José Pereira Filho, um pequeno negociante, e de Elizabeth do Amaral Pereira.Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.
Aos 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenómeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal.
Aos quatro anos já se comunicava com Espíritos, os quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades lhe eram particularmente caras: o Espírito Charles, que foi seu orientador durante toda a sua existência e na sua actividade mediúnica, e o Espírito Roberto de Canalejas, médico espanhol que fora encarnado em meados do século XIX. O fenómeno de catalepsia repetiu-se aos oito anos, associado a desprendimento parcial.
O seu lar era espírita. Aos 8 anos teve o primeiro contacto com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O Evangelho segundo o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida, um bálsamo nas horas difíceis. Aos 13 anos começou a frequentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar o curso primário. Não pode, por motivos económicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura. Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, rendas, flores, etc... A educação patriarcal que recebeu, fez com que vivesse afastada do mundo. Isto, por um lado, favoreceu o desenvolvimento e recolhimento mediúnico, mas por outro, a tornou excessivamente tímida e triste.
Na vida adulta, manteve contactos mediúnicos regulares com entidades como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin, dentre outras. A sua mediunidade, porém, foi diversificada, tendo sido médium psicógrafa e receitista de Homeopatia. Foi uma esperantista convicta e trabalhou com afinco para a sua difusão. Escreveu muitos artigos que se perderam, publicados em jornais populares. A sua obra mediúnico-literária totaliza vinte livros, sobressaindo-se "Memórias de um Suicida".
Desencarnou no Rio de Janeiro em 09 de Março de 1984.
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