Suíça
Copa do Mundo de 1954

Classificação

1. Alemanha Oc.
2. Hungria
3. Áustria
4. Uruguai
5. Suíça
6. BRASIL
7. Inglaterra
8. Iugoslávia
9. França
10. Turquia
11. Itália
12. Bélgica
13. México
14. Tchecoslováquia
15. Escócia
16. Coréia do Sul

De novo, o melhor não ganha

A revolucionária Hungria de Puskas e Kocsis perde a final para a aguerrida Alemanha

Depois de 16 anos, a Copa do Mundo voltou a um país europeu em 1954. A Suiça foi a sede escolhida para realizar aquele que seria "o Mundial das goleadas".
A campanha do Campeão
Primeira Fase
17/06 Alemanha Oc. 3 x 1 Turquia
20/06 Alemanha Oc. 3 x 8 Hungria
23/06 Alemanha 0c. 7 x 2 Turquia
(jogo-desempate)
Quartas-de-final
27/06 Alemanha Oc. 2 x 0 Yugoslávia
Semifinais
30/06 Alemanha Oc. 6 x 1 Áustria
Final
04/07 Alemanha Oc. 3 x 2 Hungria
Os turcos conseguiram uma polêmica classificação para a Copa. Depois do placar 2 a 2 no jogo-desempate com a Espanha, um sorteio definiu a vaga deixando os espanhóis de fora.
Houve uma enxurrada de gols: Hungria 8 x 3 Alemanha Ocidental, Inglaterra 4 x 4 Bélgica, Áustria 7 x 5 Suíça. Média: 5,4 gols por jogo.
Campeão olímpico em 1952, o técnico Húngaro Gusztav Sebes criou um sistema revolucionário, no qual os atacantes não tinham posição fixa.
A base de sua equipe era o Honved, time do exército húngaro onde brilhavam Ferenc Puskas e Sandor Kocsis.
Depois de bater Brasil e Uruguai pelo mesmo placar, 4 a 2, a Hungria foi para a final contra a Alemanha. Na primeira fase o time húngaro tinha vencido os alemães por 8 a 3.
Na final, em Berna, muita chuva. A Hungria fez dois gols em 8 minutos, mas perdeu de virada.
Com a vitória de 3 a 2, a Alemanha Ocidental repetia o feito do Uruguai em 50: tirar o título do melhor time da Copa.

A seleção da Copa
GOLEIRO: Turek (Alemanha)
ZAGUEIROS: Djalma Santos (Brasil)
Santamaria (Uruguai)
MEIO-CAMPO: Neury (Suíça)
Bozsik (Hungria)
Lorant (Hungria)
ATACANTES: Kocsis (Hungria)
Puskas (Hungria)
Julinho (Brasil)
F. Walter (Alemanha)
Czibor (Hungria)
Artilheiro
Kocsis (Hungria) - 11 gols

A Final

ALEMANHA OCIDENTAL - 3
Turek; Posipal e Kohlmeyer; Eckel, Liebrich e Mai; Rahn, Morlock, Ottmar Walter, Fritz Walter e Schafer. Técnico: Sepp Herberger.

HUNGRIA - 2
Os números da Copa
Jogos: 26
Gols: 140
Média de Gols: 5,4
Participantes: 16
Média de Público: 36.269
Grosics; Buzansky e Lantos; Bozsik, Lorant e Zakarias; Czibor, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Toth I. Técnico: Gusztav Sebes.

Local: Estádio Wankdorf (Berna)
Juiz: William Ling (Inglaterra)
Gols: Puskas aos 6min, Czibor aos 8min, Morlock aos 10min, Rahn aos 18min do primeiro tempo; Rahn aos 39min do segundo tempo.

Brasil (6o lugar)
Titulares
Posição
J
G
Castilho
Goleiro
3
-
Djalma Santos
Zagueiro
3
1
Nilton Santos
Zagueiro
3
-
Brandãozinho
Meio-Campo
3
-
Pinheiro
Zagueiro
3
-
Bauer
Zagueiro
3
-
Julinho
Atacante
3
2
Didi
Meio-Campo
3
2
Baltazar
Atacante
2
1
Pinga
Atacante
2
2
Rodrigues
Atacante
2
-
Reservas
Cabeção
Goleiro
-
-
Veludo
Goleiro
-
-
Alfredo
Zagueiro
-
-
Mauro
Zagueiro
-
-
Paulinho
Zagueiro
-
-
Dequinho
Meio-Campo
-
-
Ely
Meio-Campo
-
-
Humberto
Atacante
1
-
Índio
Atacante
1
-
Maurinho
Atacante
1
-
Rubens
Atacante
-
-
Técnico: Zezé Moreira

Brasil: Trauma de 50 prejudica a seleção

A seleção brasileira chegou pessimista à Suíça para a Copa de 54. O trauma da derrota no Maracanã ainda não tinha sido superado.
Criticado por não ter convocado Zizinho, o técnico Zezé Moreira tinha em mãos uma boa equipe, com Djalma Santos, Didi, Nílton Santos, Julinho e outros. Faltava, no entanto, o otimismo.
A Campanha do Brasil
Eliminatórias
28/02 Brasil 2 x 0 Chile
07/03 Brasil 1 x 0 Paraguai
14/03 Brasil 1 x 0 Chile
21/03 Brasil 4 x 1 Paraguai
Primeira Fase
16/06 Brasil 5 x 0 México
19/06 Brasil 1 x 1 Iugoslávia
Quartas-de-final
27/06 Brasil 2 x 4 Hungria
Outro problema era a desoganização. Os brasileiros não sabiam que o 1 a 1 com os iugoslavos, na segunda partida, garantia a vaga para as quartas-de-final. Desgastaram-se inutilmente na busca da vitória.
O sorteio colocou o time contra a Hungria no jogo seguinte. Os brasileiros temiam enfrentar o "bicho-papão" da Copa>
Os húngaros, ao contrário, esbanjavam otimismo. "Venceremos o Brasil e seremos os novos campeões do mundo", previa o artilheiro Kocsis.
Nervosos, os brasileiros perdiam por 2 a 0 com 7min de jogo. Reagiram, mas o placar final foi de 4 a 2.
O juiz inglês Arthur Ellis foi o bode expiatório. Inconformados, os brasileiros brigaram com os húngaros em campo.
Puskas, que não jogou, acertou uma garrafada na testa de Pinheiro. Até jornalistas se excederam na chamada "batalha de Berna".
Os números do Brasil
Jogos: 3
Gols Pró: 8
Gols Contra: 5
A derrota deu corda a alguns "teóricos" da época, que atrinuíam os fracassos, nas Copas à "inferioridade da raça brasileiro". Teoria desmentida quatro anos depois.

"Era um time covarde"

"Podem censurar-me, mas penso que nossa seleção perdeu a Copa porque desprezou a competição. Eu não conseguia sentir na esquadra o mesmo fervor da Olimpíada, dois anos antes. Para nós, a medalha na Olimpíada foi mais importante.
Com a vitória de oito gols contra os alemães, tivemos alguns dias em clime de festa. Depois, o jogo contra os brasileiros. Tenho vergonha desse jogo. Lembro apenas da violência, das brigas.
Esperava outra atitude dos brasileiros. Era um time nervoso, covarde. Fizemos quatro gols nos momentos em que o jogo percorreu os rumos da normalidade. Éramos melhores. Ganharíamos deles quantas vezes precisássemos."

Sandor Kocsis, atacante húngaro que marcou dois gols contra o Brasil.

Curiosidades

Perdidos na Suíça
Os jogadores da Coréia do Sul não falavam uma palavra em idiomas europeus e sempre se perdiam, sendo levados para o hotel por policiais. No campo, também não se encontravam: tomaram 9 a 0 da Hungria e 7 a 0 da Turquia.

Sob suspeita
Alguns jogadores da seleção alemã passaram semana em uma clínica de repouso depois do Mundial. Desde então, há suspeitas de que o time jogou a Copa dopado.

A Frase

"Não me interesso pelo time dos outros."

Zezé Moreira, técnico do Brasil, sobre a seleção húngara



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