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A aposentada Ernestina Ferreira redescobriu nas frutas o gosto de viver.
"A gente compra uma mais durinhas e outras mais verdinhas, para serem
consumidos depois", ensina a aposentada.
Ela mora em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre,
e, como a
maioria dos brasileiros, comia frutas, só de vez em quando.
Há dois
anos, com onze quilos a mais de peso, dona Ernestina procurou os
médicos do Departamento de Geriatria da Pontifícia Universidade
Católica de Porto Alegre. Não se sentia nada bem. Estava
com o
colesterol alto, sofria com dores nas articulações, tomava
antidepressivos e tinha problemas de digestão.
"Eu dormia e passava muito mal. Havia noites que eu achava que até
não
amanheceria viva. Tinha pesadelos horríveis por causa da janta.
Comia
feijão, arroz, carne, batata, aipim, enfim, tudo", conta dona
Ernestina.
A mudança na vida de dona Ernestina começou no consultório.
Ela estava
entre as 350 pessoas com mais de 60 anos que foram alvo de um estudo
sobre hábitos alimentares. A conclusão foi surpreendente:
"Constatamos que as pessoas que têm uma alimentação
saudável,
principalmente as que comem mais frutas e verduras, têm até
três vezes
menos chances de desenvolver uma doença cardiovascular, um câncer,
do
que uma pessoa que não tem esse hábito", revela a geriatra
Gislaine
Flores, da PUC do Rio Grande do Sul.
O desafio de geriatras e nutricionistas era melhorar a vida de quem
comia de forma pouco saudável. Foi um trabalho minucioso. A
nutricionista Josiane Siviero preparou um cardápio especial:
reduziu
alimentos calóricos, como frituras e doces, e incluiu pelo menos
três
frutas e dois vegetais por dia, que é a orientação
da Organização
Mundial da Saúde (OMS).
"Esses alimentos contemplam certos nutrientes que só eles contém",
diz
a médica.
Aos poucos, dona Ernestina e os outros idosos foram incorporando as
frutas à alimentação. Aprenderam a gostar, a variar
e a usar as frutas
como remédio.
"Gosto mais da banana. Todos os dias como uma bananinha", conta a dona
de casa Cládis de Mello.
"Eu emagreci oito quilos depois que diminui os farináceos e comecei
a
comer frutas e legumes. A disposição melhorou, a digestão
também, e o
intestino foi regularizado. Nunca mais tive dor de cabeça. Não
tomo
remédio nenhum, meu remédio são as frutas", diz
a aposentada Raquel
Oliveira Rech.
A nutricionista também deu conselhos importantes ao grupo, como
comer
devagar e várias vezes ao dia.
"O ideal são seis refeições por dia. Antes, eles
faziam três", diz
Josiane.
O resultado da nova dieta foi animador. Em três anos, 75% dos
idosos
emagreceram e tiveram diminuição do colesterol ruim no
sangue.
"Eles perderam bastante peso e começaram a se sentir psicologicamente
muito melhor. No exame clínico, a gente observou essa melhora",
conta
a geriatra Gislaine Flores.
"Sinto que minha vida mudou bastante, minha disposição
melhorou muito,
meu ânimo de andar, de trabalhar, e a minha mente também.
Sinto que
sou outra pessoa, não aquela que estava quase com a mente apagada",
diz dona Ernestina.
Data Edição: 29/03/04
Fonte: Globo Reporter
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