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yantra Massagem

   A palavra massagem tem a mesma origem de amassar. Mas... por que razão uma pessoa se deixaria amassar?

Nosso corpo, nossa história

Texto escrito por  Valéria Prado.

Tudo que afeta nossa psique produz um efeito sobre nosso corpo. Quando sentimos medo, por exemplo, nosso corpo sofre uma série de reações - nossos batimentos cardíacos se aceleram, nossos olhos se arregalam e nossos músculos se contraem numa reação de fuga ou ataque.

Emoções diferentes provocam reações diversas, mas cada uma produz um efeito em nosso corpo. quando somos submetidos continuamente a uma emoção, especialmente durante a primeira infância, estas reações físicas - que normalmente são momentâneas - cristalizam-se, formando tensões crônicas nas regiões envolvidas. Os mais envolvidos neste processo são os músculos e os condutores de energia, que na terapia chinesa são chamados meridianos.

Vemos, portanto, que nosso corpo traduz a memória de nossas emoções e dos mecanismos que criamos para contê-las, reprimi-las. Ao reprimirmos o "inconveniente" nos tornamos também insensíveis às emoções agradáveis, prazerosas - amizade, amor... Ficamos mais densos, pesados, perdemos a capacidade de admirar o belo; já não conseguimos curtir as pequenas delícias da vida, temos dificuldade em compartilhar afeto, mesmo com aqueles a quem mais amamos. Sentimo-nos vazios e por mais que busquemos a felicidade fora de nós, ela nos escapa.

Nas últimas décadas, técnicas ocidentais e orientais vêm se difundindo com o objetivo de trabalhar a consciência de nosso corpo, liberando as tensões através de uma atitude de compreensão da relação corpo-mente. Entre estas técnicas adotamos a massagem, aliada a posturas de Hatha Yoga e alongamentos para criar internamente um estado de autoconhecimento, um espaço de paz e auto-aceitação.

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O toque

Olhei pela janela, acima da minha cabeça vi a lua, calma, branca, cheia. Uma nuvem veio e devagar cobriu parte dessa calma, mas continuou empurrada pelo vento e a lua voltou a aparecer inteira.

Lembrei da animação que vi, no computador, de uma eclipse. Bonito, interessante. Mas faltou a sensação, o ar da noite, essa visão da lua presente, como se eu pudesse conversar com ela, ali acima de mim, aqui e agora. Essa percepção de que o tempo passa, e que o tempo da lua é sempre o mesmo, diferente dos nossos tempos aqui na terra.

A vida do corpo não é virtual, pensei, como a lua lá no céu não é a lua da animação da eclipse. A lua lá em cima toca meu corpo através do ar da noite, da temperatura da brisa, da visão das nuvens passando entre mim e ela, dessas nuvens que percebo em três dimensões pelo seu movimento.

A vida toca meu corpo a cada momento, e se meu corpo está amortecido não percebe o toque, não percebe a vida.

Assim é a massagem. O corpo está ali, conosco todo dia todos os dias, mas não olhamos para ele. Não o sentimos. Não nos admiramos da sua beleza, seja de lua nova, cheia ou minguante. Até que uma mágica faz a gente parar e perceber as nuvens, o vento, a luz da lua. Até que uma magia faz a gente perceber a textura, a sensação, a elasticidade, e a colaboração, a resistência, a paciência, a irritação, a paz, a ansiedade, a doçura que sempre estiveram no nosso corpo. Ali, esperando para serem notadas. Esperando serem tocadas.

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Massagem: o que é?

Entrei na sala semiobscura, encontrei um homem enorme, sério. Eu tinha marcado hora pelo telefone, foi indicação do meu terapeuta. “Você precisa de uma abordagem corporal, verbalmente vai ficar sempre enrolando” - foi mais ou menos o que ele disse.

Mas naquela hora eu não sabia o que fazer.
“Tira a roupa”, ele disse.
“C-como?”
“Tira a roupa e deita”.
Bom, os dados estão lançados...
Do resto não lembro. Eu nunca tinha recebido uma massagem antes.

Lembro, sim, dos meses seguintes, quando fui descobrindo que meu corpo tinha muito mais pedaços do que eu pensava. E vendo que cada pedaço tinha uma história pra contar. Que às vezes a história de um era diferente da do outro.
E me sentindo às vezes velha, às vezes criança, às vezes forte e até masculina, outras doce e meiga... conforme a história que meu corpo contava.

Dessas sessões individuais saíram grupos onde nós aprendemos e praticamos a massagem e a compreensão humana que vem com ela. Foram anos de trabalho e convivência.
Até hoje, muitos anos depois, o encontro entre duas pessoas de um mesmo grupo é diferente do habitual, mesmo se não nos vemos há longo tempo. O conhecimento que a gente tem um do outro se baseia na experiência do ser de ambos, não poderia ter sido adquirido pelas práticas intelectuais ou afetivas do cotidiano urbano. E não se perde com o tempo. É um conhecimento profundo.

Tudo está no corpo. O toque traz à tona toda a verdade, toda a história pessoal e a nossa interpretação atual dessa história.

Massagem: amassar, tocar profundamente os tecidos do outro. Tocar a vida que está nesses tecidos, que os interliga e mantém, nessa forma individual única. Vida pessoal materializada, e fonte da energia que se transforma em atos, dia a dia.

Toque que traz consciência, conhecimento de si mesmo. E para que mais vivemos senão para conhecer a nós mesmos?

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De que tipo é a massagem que você faz?

Silêncio. Como falar sobre o toque? "Como explicar o sabor do chocolate para quem nunca comeu chocolate?" disse o professor da Valéria. Durante muito tempo eu perguntava: você conhece shiatsu? Bem, não é. Massagem sueca? Também não é. E assim por diante.

Vivemos num país onde se misturaram pessoas de várias culturas. A síntese, a fusão, resultam da troca de informações e experiências. Entre os muitos tipos de abordagem corporal existem:

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Perguntas

Onde encontro informações sobre a massagem Shantala?
A Ground editou, há anos, o livro do Leboyer sobre a Shantala. É a melhor referência, porque Shantala é o nome da mulher, paralítica, moradora de uma favela em Calcutá atendida pela Madre Teresa, que o médico encontrou fazendo massagem no seu bebê. Essa massagem é uma tradição hindu, nos acostumamos com o nome de uma mulher do povo que a aprendeu por tradição oral. O livro é todo de fotos, lindo.

Onde encontro um desenho dos meridianos?
A Editora Ground tem um mapa bastante bom, encontrado em livrarias, farmácias homeopáticas e lojas de produtos naturais.

Gostaria de ter informações sobre a técnica oriental de automassagem.
As técnicas orientais se baseiam nos meridianos. Existem livros de do-in com fotos e desenhos, inclusive em português, como os da Editora Ground, de Juracy Lopes Cançado ou Jacques de Langre, tradução de Cançado.
 

Autoras desta página: Valéria e Lígia Prado.

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