Artigo #6: "CCZ tem razão: a culpa tambem é da população!"
"As pessoas trazem caixas com cinco, seis filhotes para cá, depois dizem que a gente que é que mata".
Foi o que disse a diretora do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de São Paulo em uma reportagem á Revista da Folha intitulada "Cachorros em promoção", publicada em 19/03/00. Pô! agente aqui descendo a lenha neles enquanto a população entrega na maior naturalidade cães e gatos (ainda filhotinhos) para morrer?! Lendo esta reportagem vimos que por mais cruel e sórdido que sejam esses centros, neste ponto eles estão certos. De que adianta as entidades de defesa dos animais protestarem contra o sacrifício bárbaro se boa parte das pessoas entregam seus própios animais para eles?? Que triste, que absurdo, que deprimente, que covardia! Abandonar um animal indefeso á sua própia sorte ou encomendá-lo á morte dolorosa! Coisas de ser humano... A reportagem confirmou o que todos nós já sabemos: "(...) três em cada quatro não conseguem se livrar do fatídico desfecho: a morte na câmara de vácuo." Que beleza, hein? porque não entram junto na câmara? seria um covarde a menos no mundo! A veterinária-chefe, por outro lado, deu-nos uma notícia mais animadora sobre a tentativa de reverter a péssima imagem que estes locais tem. Farão campanhas sobre adoção, corretamente intituladas de "Posse Responsável". Animais que estavam condenados á morte (em espacial filhotes e jovens), serão oferecidos para adoção ao preço simbólico de R$ 7,00 (sete reais). Todos os animais em questão serão devidamente limpos, vacinados, vermifugados e prontos para um novo lar. O CCZ de São Paulo fica na Rua Santa Eulália, 86 em Santana (zona norte). Muito provavelmente todos os CCZ no Brasil fazem isso, só que a população não sabe, ou melhor, sabem ir lá só para encomendar pobres animais ao sacrificio. FAÇA DIFERENTE! Procure o Centro de Zoonoses de sua cidade e adote (com responsabilidade) uma animal de estimação!
Mas nem tudo é perfeito... O artigo não mencionou outro fato deplorável neste centros que é o modo como os funcionários tratam os animais. A própia reportagem começa assim: "Eles não tem dó. Perseguem, laçam e jogam no caminhão lotado mensalmente mais de dois mil cachorros que são encontrados soltos pelas ruas(...)". Talvez os veterinarios que trabalhem nestes locais - como pessoas cultas de nível superior - não devam se sentir à vontade com todo este horror, mas o problema são os funcionarios mais humildes. São trabalhadores municipais, de baixa renda, não muito diferentes de garis (lixeiros), que ganham pouco para sustentar suas numerosas famílias. Não tem formação nenhuma e muitos nem sabem o que estão fazendo. Portanto, laçar cachorros e gatos e jogá-los num caminhão com brutalidade não faz diferença. Recebemos todos os meses denúncias terríveis de maus-tratos e violência contra animais nos CCZ (principalmente no nordeste). São funcionários sem preparo e sem respeito que cometem atrocidades indescritíveis, mostrando o que o homem tem de pior. Eles deveriam saber que não estão lidando com objetos e sim com vidas; vidas tão preciosas como a de seus própios filhos. Aliás o título da reportagem não foi muito feliz, pois "Cachorros em promoção" dá a idéia de produtos em oferta na prateleira do supermercado, ou leva ou vai pro lixo...
Fonte: Revista da Folha, 19/03/00
pp. 22.
"Cachorros em promoção"
Por Cláudia Bexiga
Ìndice | Reportagem 1 | Reportagem 2 | Reportagem 3 | Reportagem 4 | Reportagem 5 | Reportagem 7