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Trabalho final de direção / Roberto Tietzmann - p.6

*O diretor como autor no cinema

Cinema é arte e indústria. Podemos quebrar indústria em técnica e mercado. Como no Brasil o mercado para nossos filmes ainda está fora do alcance de muitos cineastas, um binômio mais adequado para nossa realidade seria afirmar que, aqui, cinema é arte e técnica.

O papel do diretor se insere nestes dois campos. O diretor veio ganhando destaque ao longo dos últimos cinqüenta anos como o "autor" do filme18. Uma vez que os equipamentos de cinema começaram a sair das mãos dos estúdios e chegar ao alcance de cineastas independentes, ali pelos anos 50, instituiu-se a figura do diretor como autor dos filmes.

Acredito, porém, que sempre houve o desejo de ser autor de um filme em seus realizadores. Méliés era um autor aventuresco de suas peripécias à Lua. Frank Capra e Orson Welles foram autores extraordinários. Para viabilizar suas produções, todavia, eles precisavam contar com a estrutura dos estúdios. Uma estrutura industrial.

Como convém a uma indústria, uma engrenagem não deve girar muito diferente da outra. E a produção deve ser constante. Tanto em quantidade quanto em qualidade. Assim, um sistema de produção em massa visa uma uniformização "daquilo que sai". Sejam carros ou filmes. Mesmo que os filmes motivem muito mais a nossa alma do que os carros19.

Neste ponto, os cineastas independentes franceses dos anos 50 em diante (os fundadores da Nouvelle Vague) firmaram sua identidade como autores. Em especial François Truffaut20, ainda crítico de cinema da Cahiers du Cinéma, desancou a "tradição de qualidade" da cinematografia francesa no artigo

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Reza a lenda que uma das brigas do WGA com Alfred Hitchcock é que ele ganhou o direito de assinar seus filmes por realizá-los de uma maneira única. Para ódio dos roteiristas que recebiam um crédito menor. Até então era norma citar o roteirista e o diretor como os autores do filme. quer dizer, quando o mais importante não era o produtor mesmo! Após Hitchcock, qualquer diretor de meia tigela passou a assinar o filme como "seu", tirando os roteiristas da ribalta.
19Pense bem: quando foi a última vez que você viu um fusca saindo de fábrica com cinco rodas ou lilás com bolinhas verdes? Não adianta, não cabe na produção industrial. Precisa ser feito de outra forma.
20Nesta época, Truffaut afirmava ser o diretor o principal responsável por um filme e que a sua visão social / política / cultural / etc. permeava toda a obra e assim é que deveria ser. Nada mais de filmes pasteurizados pela grande indústria!

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