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Surpresas são aceitas de acordo com as circunstâncias, às vezes são boas, outras vezes, más. Tive a chance de ter duas surpresas nas últimas vinte e quatro horas, como não podia de ser: uma boa, a outra má. Meu histórico de cinéfila é fato público consumado, portanto as pessoas sabem que quando eu vou ao cinema, eu vou para me transportar ao outro lado da tela.. vou para sentir o ambiente da história, o sofrimento ou a alegria dos personagens, a angústia e o gozo dos rostos, cores e lugares mostrados no filme. Em suma, eu vou, e só volto quando os créditos aparecem no final. Tudo isso para dizer, que ontem, uma belíssima Terça-feira, fui assistir ao filme que foi anunciado como “único filme capaz de dividir bilheteria com ‘Episode I – A Ameaça Fantasma’”, o “JAMES WEST”, que no título original em inglês, chega a algo próximo de “WWW”. Tamanho barulho o anunciou e tamanho exagero o cercou que o tiro saiu pela culatra. Meu amor pela sétima arte, me faz uma pessoa receptiva às opções de filmes colocadas em cartaz, infelizmente achei que seria apenas um divertimento, algo como uma boa “sessão da tarde” ou “filme-pipoca”. Que nada!! Trata-se de uma bomba... no pior sentido. Além de desafiar a paciência do espectador, traz uma lista infindável de piadinhas internas prontas e de mal gosto, o uso de referências políticas e cinematográficas não chega a 1/10 do que foi feito no brilhante “Matrix” e francamente , a única seqüência que despertou algum interesse foi a que apareceu uma odalisca... cena que não posso contar pois você pode não ter visto o filme... isso é bem provável. Enfim, “a bad surprise”. Bom, mas como felizmente vivemos um dia por vez... assisti a outra sessão de cinema hoje, o filme é o “Cruel Intentions” ou “Segundas Intenções”. Que coisa!! Esperava ver um filme médio americano, com um bando de jovens profissionais (a começar pelo diretor), fazendo uma nova versão de “Ligações Perigosas”, e acabei conhecendo o universo hipócrita, consumista e absurdamente cruel que nos rodeia. Atuações fantásticas, elenco muito bem definido, direção segura e uma trilha sonora pop é apenas o mínimo que pode-se descrever. O conteúdo choca, seja pela arrogância da elite americana, seja pela hipocrisia que a ronda, ou ainda pela absoluta falta de humanidade que pode acometer uma pessoa, Falamos a palavra “pessoa” e construímos o referente de um ser humano, provido de características ditas humanas... o que acontece quando desfilam diante de seus olhos, “pessoas” que não se enxergam umas as outras por causa do seu exacerbado narcisismo ou por causa de seu feroz instinto de competição, seu orgulho, sua frieza? . Desta forma descobrimos o quão universal é essa “despersonalização”. Pensando bem, todos nós representamos essas características, vivendo numa sociedade individualista, doente, que ainda não sabe lidar com a sua própria diversidade, sua sexualidade, sua ausência de idéias e de ideais. Estamos carentes de projetos pessoais, de cores, até calor humano, por mais piegas que isso possa parecer. Temos então o confronto; o maniqueísmo ainda se faz presente como forma de se devolver ou envolver o sentimento de esperança que teima em existir... sexo, drogas, maldade e bondade, amor e ódio estão se debatendo.. Parece muito para duas horas de exibição, pois é .. para você ver como foi bem feito!! |
