Se você cruzar com este leonino de 30 anos, nascido no dia 18 de
agosto em Columbia, Maryland, e ouvir um bando de garotinhas histéricas
gritando Lindo! Gostoso! - e adjetivos do tipo - tenha certeza de
apenas uma coisa: este indivíduo não é Edward Norton
Colocando as cartas na mesa, ele não tem nada demais. É narigudo, tem uns dentes de ratinho, é magrelo (embora tenha desenvolvido massa muscular para dois de seus filmes) e não faz nenhum tipo. É um garotão normal que poderia ser seu vizinho, exceto pelo fato que é uma das maiores revelações de Hollywood nos últimos anos. E que revelação!! Verdade pura e cristalina, Edward Norton é um ator perfeito e não está para brincadeira. Seu debut na telona foi em Primal Fear (As Duas Faces de um Crime-1996), ao lado de Richard Gere, um drama de tribunal que teria sido apenas mais um na categoria se não fosse por sua interpretação brilhante. E pensar que este papel foi oferecido para Leonardo Di Caprio... Graças aos céus eles resolveram apostar em Norton! Sem exageros, ver a mudança de fisionomia do rapaz em segundos é de arrancar ovações. Não foi a toa que ele foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro como ator coadjuvante naquele ano e caiu nas graças da mídia mundial. Foi, definitivamente, uma estréia como poucas. Em seguida, sem ao menos dar-se conta que seu nome já estava nas estrelas, foi chamado por ninguém menos que Woody Allen para contracenar com Drew Barrymore em Everyone Says I Love You (Todos Dizem Eu te Amo-1996), onde mostrou sua versatilidade genuína em um papel completamente diferente de Primal Fear. Não decepcionou, muito pelo contrário. Então o rapaz também dá para a comédia? Bom saber. Em The People vs Larry Flynt (O Povo contra Larry Flynt-1996), Edward interpretou Alan Isaacman, o advogado e amigo da personagem-título. Meio apatetado e nem por isso menos reluzente, lá estava ele se destacando ao lado de Woody Harrelson e da então estreante (e, dizem, sua namorada) Courtney Love. Milos Forman caiu de amores por Norton que, mesmo com sua agenda cheia, fez questão de trabalhar com o diretor. Rounders (Cartas na Mesa–1998), de John Dahl, segundo ele foi um exercício e tanto. Contracenando com Matt Damon, os dois costumavam sair antes e durante as gravações e infiltrar-se nas mesas de jogo para curtir e testar suas personagens no anonimato. Imaginem a cena!!! Daria cinco segundos de minha vida para ver isso. Sem fazer pouco caso dos filmes anteriores, mesmo porque isto seria impossível, eles são sobremesa perto do que estaria por vir: American History X (A Outra História Americana-1998). O filme cheio de controvérsias de Tony Kaye deu o que falar ao tratar de um assunto difícil como o Neo-nazismo e arrancou de Edward Norton a sua melhor interpretação em seus três anos de trabalho ininterrupto. Norton está soberbo como Derek, um papel que lhe exigiu muito mais que horas decorando textos. Não há como assistir ao filme e não ficar atônito com sua capacidade de encarnar uma personagem e tirar dela o seu melhor, mesmo que estejamos falando de um skinhead. Seu mais recente filme é The Fight Club (Clube da Luta-1999), ao lado de um Brad Pitt que, apesar de estar muito bem (nos dois sentidos), pela primeira vez desaparece em cena. Edward Norton, para variar, está babante, perfeito como de costume. Uma curiosidade a respeito do filme: quando recebeu o roteiro, Norton mostrou ao pai que, logo depois de terminar a leitura largou esta: “Ai, meu Deus, você não vai fazer isso, vai? “ Fez!!! Pobre pai!!! É agora que David Fincher não desgruda mais dele. Ele é a cara de um filme de Fincher!!! Atualmente Edward Norton está trabalhando em Keeping the Faith, que será a sua estréia na direção, prevista para o ano 2000. Existem especulações sobre mais um projeto onde ele interpretaria um detetive, mas é tudo ainda muito vago. É esperar para ver. Como qualquer grande ator que sabe bem onde está pisando e não necessita de auto-promoção, Norton não gosta muito de falar, principalmente sobre sua vida pessoal, embora sua eloquência seja bastante conhecida no mundo do cinema. Ele prefere que seu trabalho fale por si próprio e sem maiores explicações. Segundo Norton, quanto menos a audiência souber sobre ele, mais chances terá de se surpreender com suas personagens e facetas. Tudo bem, a gente entende, né? Ah, se entende!! |