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 Nos Cinemas é atualizado semanalmente.
 
 
                   Por Márcia Messa
        Mantenha-se acordado. Bem acordado. Pois depois de The Sixth Sense suas noites não mais serão as mesmas. E, acreditem, eu estou falando sério! Seríssimo!!!  
        Bruce Willis é Malcolm Crowe, um psicólogo especializado no tratamento de crianças problemáticas que tem o seu castelo profissional destruído quando um de seus pacientes invade sua casa e lhe cobra a ajuda que tanto prometera anos atrás. O paciente (um irreconhecível e apavorante Donnie Wahlberg) argumenta que o tratamento que tivera de nada adiantou e, logo depois, se suicida.  Algum tempo mais tarde, o renomado médico conhece Cole Sears (Haley Joel Osment, S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L. Anotem este nome no caderninho.), um menino de 8 anos que parece ser a sua chance de redenção perante o erro do passado. O único problema é que Cole não tem um disfunção mental qualquer: ele vê fantasmas o tempo todo, 24 horas por dia. É então que os incessantes ruídos nas poltronas do cinema começam. E o seu mais íntimo pesadelo também.  
        Com um faturamento nas alturas e uma popularidade idem, o até então desconhecido M. Night Shyalaman está rindo à toa. Colocou no topo das bilheterias um filme que prima pela inteligência e surpreende sem fazer uso de nenhum artifício insosso, tampouco de efeitos especiais mirabolantes ou estratégias de marketing comentadíssimas. É um filme que aposta na relação médico-paciente sem cair no lugar comum e, ainda mais importante, tem como protagonista uma criança e, nem por isso, utiliza-se de sentimentalismos baratos.  
       Tenha certeza de uma coisa antes de ver The Sixth Sense: tudo que você ouvir falar sobre o filme ainda é pouco. É, sem dúvida, o segundo melhor filme do ano. Inominável! Assustador até o último fio de cabelo! Assista e tire suas próprias conclusões. E atire a primeira pedra quem dormir tranquilo...
 
Por Clênio Viégas
     Em 1971, Stanley Kubrick lançou “Laranja Mecânica”,um petardo visionário que abalou as estruturas do “status quo”,foi proibido pelo mundo afora e é referência até os dias de hoje. E se Kubrick é considerado um gênio,entre outras razões pelo fato de não fazer concess~es ao sistema, sua morte,este ano,parece Ter deixado um vácuo que pode ser preenchido por um cara chamado David Fincher. 
     Fincher,diretor egresso de vídeo-clipes-e seu currículo inclui o inesquecível “Oh Father”, de Madonna-começou sua carreira em longa-metragens com o pé direito (ou esquerdo,se considerarmos a bilheteria e não a ousadia),matando a tenente Ripley em “Alien 3”. Mais adiante,não poupou ninguém no cinema e provou que a vida nem sempre é bela, em “Seven” (ou alguém esquece a lúgubre caixa enviada para Brad Pitt no meio do nada?) Depois,mergulhou Michael Douglas em um paranóico exercício de angústia em “Vidas em Jogo”. Agora,Fincher pega ainda mais pesado. “O Clube da Luta” é,sem dúvida, o mais inflamável filme do ano. 
     Para falar sobre “The Fight Club” é preciso Ter dois ângulos de visão: Vê-lo como filme e,digamos assim,como proposta. Como proposta ele até pode ser considerado “perigoso”. Idéias fascistas percorrem todo o roteiro,em frases que provocam a imaginação de qualquer mortal.”Você já considerou a idéia de que talvez Deus não goste de você?”, dispara a certa altura Tyler Durden, o personagem de Brad Pitt (ótimo em sua caracterização). Pensamentos como este permeiam a estória, baseada no livro de um ex-mecânico. A fúria contra o conformismo e o consumismo parece ser o estandarte do filme, que parece conclamar a uma revolução a cada cena. “Estamos todos putos, vamos acabar com o sistema”, é o que pode ser entendido pelo público. Uns deliram. Outros, repudiam violentamente.
 
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
     Por Beatriz Pinto Ribeiro 
     Depois de quatro séculos de sua morte, William Shakespeare assume na eternidade o posto de roteirista mais disputado de Hollywood. São incontáveis as adaptações para a tela das obras do escritor mais polêmico da História. Nos últimos cinco anos pipocaram no cinema no mínimo dez filmes de sucesso inspirados pelo bardo. Entre os mais brilhantes estão a versão vídeo-clipe de Romeo & Julieta, com Leonardo DiCaprio e Claire Danes, Hamlet de Kenneth Branagh, Othello, com Laurence Fishburne e Ricardo III - Um Ensaio, dirigido por Al Pacino. 
     O Shakespeare desta temporada fica por conta de Sonho De Uma Noite De Verão. Uma das histórias mais divertidas do escritor, ela chega às telas mais uma vez - a primeira foi em 1909, seguida de inúmeras refilmagens - acompanhada de um elenco de primeira e cenários belíssimos.  
 O diretor Michael Hoffman adaptou a peça para a Toscana do século XIX e recheou a trilha com árias de óperas para contar a história fantástica de quatro jovens que, infelizes no amor, contam com a ajuda atrapalhada de duendes. 
    Os pontos altos da trama ficam por conta da magia do Reino das Fadas, embelezado por Michelle Pfeiffer e pelo charmoso Rupert Everett, e a irreverência de Kevin Kline. Mas o filme enfraquece nas cenas diurnas, que roubam bons minutos de paciência do espectador com piadas que não fazem muito sentido na nossa época.  
    Apesar de não ter atingido a perfeição que poderia - se os excessos fossem devidamente evitados -, Sonho de Uma Noite de Verão é um filme leve que, se não garantir a diversão, pelo menos vai agradar aos olhos de quem pagou o ingresso. 
 
 
Por Márcia Messa
    Vamos colocar os pingos nos "iis": The Blair Witch Project não é tudo isso.  Sinto informar, mas é capaz de você sair do cinema com a estranha sensação de ter levado gato por lebre e, o pior, nem saber se gostou da troca.  
      Em 1994, três estudantes de cinema desapareceram em uma floresta próxima à Burkittsville, em Maryland, enquanto filmavam um documentário sobre uma lendária  Bruxa da região. Um ano depois, o filme foi encontrado. Apenas o filme. E é este documentário que a platéia, ansiosa por tudo aquilo que a estratégica campanha de marketing divulgou, assiste boquiaberta... não sabendo se chora, ri, grita ou faz xixi nas calças.   Sim, pois apesar de não convencer nadinha na maior parte do tempo, em outros poucos a vontade é sair correndo e nunca mais passar perto de uma floresta... ainda mais se já tiver anoitecido! Viva à civilização! 
       Cercado de euforia e babação explícita, este filme que custou a bagatela de 60 mil dólares (e, segundo Chris Rock, no VMA's deste ano, alguém deve andar com 59 mil escondido nos bolsos. Concordo!) e arrecadou mais que - acreditem, se puder - Star Wars na sua semana de lançamento,  teve a seu favor a mais nova e ainda inexplorada mídia: a Internet. Vendo A Bruxa de Blair é que se tem a real visualização de tudo isso. Sinceramente, The Blair Witch Project não passaria de um mero documentário sobre uma bruxinha qualquer se não fosse a força da Internet e o eficiente trabalho dos diretores que deixaram o filme no limite do tolerável para o imaginário humano.  
      Desembolse alguns trocados e assista este filme-acontecimento. E, tenha certeza, ele não passa disso. Mas é divertido e alguns sustinhos e uma certa agonia você há de sentir. 
 
Por Clênio Viégas
     Mais um integrante do lote de filmes de terror que estão invadindo as salas de cinema ultimamente, A Casa Amaldiçoada não é nada além disso, um passatempo bem realizado, mas longe do espetacular.  
      Dirigido por Jan De Bont (que depois de Speed e Twister não acertou mais a mão), essa produção, que já rendeu mais de 90 milhões de dólares em terras ianques, tem todos aqueles elementos clássicos do gênero. Empregados sinistros, passagens secretas, histórias trágicas e, é claro, a casa que dá nome ao filme, um castelo gótico que assusta só de olhar.  
      Com uma trama fraquinha, a nova produção da Dreamworks tem salvação justamente porque é da Dreamworks. Todo mundo sabe que tudo que Steven Spielberg pões a mão não pode sair completamente ruim, e é isso que acontece. Os efeitos visuais, apesar de lembrarem A Múmia são eficientes e a produção é classe A, com um elenco que reúne atores conhecidos (Liam Neeson e Lily Taylor) a nomes que são uma bela promessa (e em se tratando de Catherine Zeta-Jones, bela adquire um duplo sentido). No final, vale a pena assistir A Casa Amaldiçoada, mas sem maiores compromissos.
 
     Por Márcia Messa
     Bonitinho. Engraçadinho. Fofinho. Faça uso de todos os “inhos” de seu vocabulário para adjetivar Noiva em Fuga. Mas tenha cuidado: todo exagero será castigado.  
     Para começar, Runaway Bride está muito longe de Pretty Woman. Anos luz, até diria. Foram necessários mais de 10 anos para reunir a dupla de protagonistas que mais deu certo no cinema da atualidade, ainda mais sobre o aval do diretor Garry Marshall que, como não poderia deixar de ser, foi o escolhido para brindar o acontecimento e dar ao filme seu toque de romantismo dosado meticulosamente com ótimas piadas.  
     Roberts é Maggie Carpenter, uma noiva que larga todos seus pretendentes no altar. Gere é Ike Graham, um repórter que adora atacar as mulheres e que vai investigar a curiosa necessidade de Maggie de livrar-se de maridos. Convenhamos que é uma prática no mínimo curiosa... ainda mais em tempos de vacas magras. Mas Julia Roberts está podendo, então, quem somos nós para discutir?  
      O roteiro não tem nada demais e algumas vezes chega a ser difícil de engolir. Quando que, em uma cidade do interior, uma mulher irá ter passado por toda a população masculina da cidade, largar noivos no altar, ser ainda assim adorada por titias, avós, madrinhas e apenas sofrer de represália algumas piadinhas inocentes? Inverossímil!   
      A grande questão acaba sendo como os dois astros depois de todo este tempo acabaram decidindo-se justo por este filme. Estranho, porém, fazendo força dá pra descobrir. O filme é perfeitamente digerível. Você permanece duas horas na poltrona dando boas gargalhadas sem ao menos sentir que o filme está correndo. É uma comédia romântica com uma produção cuidadosa, uma trilha apropriada (U2 na cena de abertura com a maravilhosa I still haven’t found what I’m looking for mata qualquer um!), coadjuvantes brilhantes (Joan Cusack e Hector Elizondo) e, para finalizar, o carisma de Julia Roberts e Richard Gere. Come on, isso já garante bilheteria nas alturas por no mínimo 10 semanas! Vá sem preconceitos, de coração aberto, com muita pipoca e comprove: Julia e Richard, Richard e Julia realmente funcionam juntos!  
 
 
Por Clênio Viégas
      Carlos Saura tem em seu currículo obras clássicas do musical, como Carmem, Bodas de Sangue e Amor Bruxo. É nessa linhagem que Tango, sua mais recente obra, tenta se encaixar. Infelizmente, nem sempre consegue.  
      Utilizando-se de meta-linguagem - artifício que às vezes dá certo e outras muito errado -, Saura narra as aventuras de um diretor (Miguel Angelo Sola, de Coração Iluminado) em busca de definição de seu novo trabalho musical e de um novo sentido para a vida, já que foi abandonado pela mulher. Enquanto isso, o musical do diretor de dentro do filme vai contando a história da Argentina.  
      É um projeto ambicioso, que conta com a belíssima ajuda da fotografia impecável do veterano Vittorio Storaro, da trilha sonora de Lalo Schifrin (Missão Impossível) e de competentes coreografias. Mas falta, surpreendentemente, ritmo. São duas horas que passam lentamente, sem maiores emoções ou maiores arroubos de criatividade. Para um trailer, é gratificante. Para um longa, torturante. 
 
     Por Clênio Viégas
     Antes de qualquer coisa, é necessário pôr ordem na casa: Eyes Wide Shut não é nada do que foi anunciado previamente pela mídia, sedenta por polêmicas. Tom Cruise e Nicole Kidman não protagonizaram cenas tórridas de sexo, o uso de drogas não passa de uma única cena com a famosa "erva danada" e todos os decantados escândalos nos bastidores só serviriam para fomentar ainda mais a curiosidade do projeto que já era chamado de "a nova obra-prima de Kubrick", um diretor conhecido pela obstinação e detalhismo obsessivos.   
     Eyes não é uma obra-prima. Comparado a outras obras de Kubrick como Laranja Mecânica e Nascido para Matar, ele perde em ritmo. Posto ao lado de Dr. Fantástico mostra uma falta de senso de humor (ainda que negro) que cairia bem. Mesmo assim, o último filme do diretor está muito acima da média da esmagadora maioria de filmes americanos que são lançados todo ano.   
     De olhos bem fechados não é um filme fácil. Pesado, lento, bizarro em certos momentos, onírico em outros, a obra perde a empatia do grande público por isto, pela insistência em não se deixar fazer concessões ao comercial (descontando a presença de Cruise e Kidman, que garantiram o retorno do investimento). Um especialista em psicologia provavelmente se deliciaria com o filme, um PHD em semiótica teria orgasmos múltiplos com a sucessão de signos e símbolos que desfilam pela tela. O público normal, que lota e re-lota as salas para ver coisas como Armageddon, no entanto, deve se aborrecer ao ver Tom Cruise passar quase 3 horas sofrendo ao imaginar sua bela esposa o traindo com outro homem.   
     Kidman, aliás, rouba todas as cenas em que aparece. Apesar de ser ótima coadjuvante do marido, mostra uma segurança bem maior que a de Cruise, além da sensualidade acentuada pela câmera de Kubrick, já demonstrada em níveis diferentes em Um sonho sem limites e Retrato de uma mulher. Para os marmanjos com menos paciência de aguentar os maneirismos de Kubrick, Kidman é a única razão para não se ficar "de olhos bem fechados".
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